Escrevia no espaço.
Hoje, grafo no tempo,
na pele, na palma, na pétala,
luz do momento.
Soo na dúvida que separa
o silêncio de quem grita
do escândalo que cala,
no tempo, distância, praça,
que a pausa, asa, leva
para ir do percalço ao espasmo.
Eis a voz, eis o deus, eis a fala,
eis que a luz se acendeu na casa
e não cabe mais na sala.
Paulo Leminski
Imprime sobre sua epiderme um desenho com seus dedos, rasura imperfeições e sublinha os traços que mais lhe interessam. Desliza sobre ela para espraiar-se em suas largas planícies, explorando em seu recônditos mais sensíveis seus desejos mais prementes. Emparelham suas vistas e ali encontram a chave de acesso de pensamentos silenciados, um turbilhão de dúvidas pulula a atmosfera do quarto. Deseja ler sua pele assim como anseia conhecer grandes escritores. À meia luz seus corpos permanecem em repouso, as pernas de ambos emaranhadas aproximam os sexos latejantes e úmidos, o ocaso da condição física de que dispunham denuncia o ardor de dois amantes. Em seu semblante sereno ainda ressoa as imagens sinestésicas que a colocaram sobre ele, montada sobre seu quadril, em um movimento compulsivo e delirante que a fazia refastelar-se com seu sexo. Penetra-a. O choque entre as duas virílias ecoava seco pelo quarto mudo. Mantinha os seios dela comprimidos em suas mãos enquanto admirava a possessão do prazer em sua expressão. Como asfixiada mergulhava e se afogava em sua própria ventura sexual até o apogeu jogá-la contra seu tronco quase imóvel. Senti-a com carinho sobre seu peito e percebi as ondas que o seu gozo haviam provocado percorrerem seu corpo em espasmos cada vez mais enfraquecidos. Ambos estavam ali, mas tão pouco estavam. Quer de novo senti-la em seu gosto acre com o dedo indicador e quer de novo que ela o chupe para compartilharem do mesmo sabor.
sábado, 31 de agosto de 2013
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