domingo, 28 de março de 2010

Geración de los Derrotados

Sinto por mim, pela minha memória não ter guardado os momentos pueris dos meus primeiros anos. Não apenas pela incompletude que agora perfaz minha identidade, mas acima disso pela perda de um refúgio incólume contra a insanidade mental. É a ingenuidade infantil o último bastião de negação ao movimento de cretinização cotidiano. Imunes a solidão inerente as multidões, os pequerruchos demonstram em sua sinceridade a afabilidade a qualquer indíviduo anônimo. Na infância não existe distinção, sobra somente a desorientação.
Exatamente pela ausência da autoconciência, os contingentes desta tenra idade são exemplares únicos de coragem e obstinação, seu temor não é pelo desconhecido e sim ao que já os tem ciente. Preservar essa fase da vida é adiar seu ingresso à Geração dos Derrotados, classe/condição inexorável que contempla todo o mundo real, destino justo ou não, ele é inapelável. Tal predestinação não pode interromper o fluxo natural do desenvolvimento humano, pois inocência aqui, não é apenas uma vitude, mas também uma dádiva.
Trato a Geração do Derrotas como um acontecimento ou fenômeno contemporâneo ao processo de urbanização e crescimento populcional desenfreado. Sinto essa aura de derrotismo expressada na marcha das grandes turbas, é aquele passo compassado e quase coreografado que eu percebo esse isolamento, sentimento contraditório ou não, ele me consome como um grande vazio. Um nuvem negra que a todos cobres, menos àqueles desobrigados às suas imposições. Expostas essas impressões, minha reação frente ao gozo sem contextura de um infante ganha sua justificativa. Não sinto compaixão ou conforto, sinto sim, um desgosto íntimo por não me ser possível acessar as mesmas sensações memoriais.

sábado, 13 de março de 2010

E eu, existo?

Há algo de engraçado em ser uma criatura pensante; engraçado aqui, é utilizado como eufimismo para uma qualidade perniciosa e antes disso, assustadora. O que nos diferencia dos animais, nos torna também síntese do que eu chamarei: a dialética da prodigalidade e do amesquinhamento. Porque, penso assim, astuciosos sofismas podem nos fazer crescer e enobrecer, da mesma forma como a insistência em tais engodos pode fazê-los ruir e desmanchar todo o edifícil de cartas de nosso orgulho. Não sei se estou sendo claro, estou?
Partimos de uma tendência que almeja nada mais do que a satisfação e esse objetivo nos confere essas condiçoes de incertezas e constante volubilidade da quais nos revestimos. É a dúvida que nos tira do pedetal para a armagura das sarjetas, escodemos em nós mesmo deste modo, nosso maior inimigo. Da mesma matéria e corpo nascem tanto os sonhos como os pesadelos, vê como nos perdemos dos fatores externos para mergulharmos em um labirinto de instrospecção? Uma mesma idéia ou vontade guarda em seu cerne essa semente que desabrochará segundo as inclinações de nosso temperamento. Então, não dependemos de outros para nos auto-destruir? Não e nem dos outros para sermos felizes, acredita? Escrevo isso por um motivo - vil e egoísta - porém suficiente. Eu não existo mais e nesta declaração está a minha motivação, deixarei para os outros a vida que tanto prezam sem a terem desejado. Grato e perdão!
Quando uma árvore morre, seja um frondoso jacarandá ou um austero pinheiro, ela perece primeiramente por dentro e paulatinamente, conservando em seu exterior ainda um aspecto de viço quando seu veio nada mais pode oferecer. Inversamente a este padrão eu apresento o meu exemplo, pois não é o meu âmago que está a padecer e sim a minha aparência presente, o que está visível às vistas alheias, entende? Meu íntimo ainda sobeja de vida e convulciona seu conteúdo com estímulos distantes ou indiferentes. E sabe do que este núcleo é composto? De reminiscências, memórias que eu tenho certeza nunca expirarão apesar de eu, visivelmente estar morrendo a cada dia um pouco mais...

domingo, 7 de março de 2010

Afundado em minha trinchiras

Esta sucessão de decepções incessantes está começando a me cansar - não que o meu espírito não esteja acostumado - porém, meu corpo começa a arfar sobremaneira e pedir arrego. Tendo em vista a dificuldade que é impor qualquer resistência em ambientes adversos, me ponho aqui em mais um relato sobre a minha valsa solitária entre as cem mil bolas de neve; sim, uma avalanche se avulta sobre minhas débeis defesas. Força e vontade, unidas em um mesmo ímpeto de sobrevivência, uma batalha da ânsia contra o desânimo... Davi contra Golias?
O tom dramático desta notas autobiográficas tem suas cores nos acontecimentos dos últimos meses. A figura da torrente branca e gélida, ganha expressão em favor da licença poética e da timidez congênita às emoções que não transpareço cotidianamente - com excessão das ditas mesas de bares esporádicas. Venho manifestar aqui mostras de minha solidez e covardia, declarações ocultas que se contradizem costumeiramente, entretanto, com razão de ser aqui, no caso presente. A rijidez aparente está em meus silêncios e dissimulações, são indícios análogos à obstinação exibida por Raskolnikov e meu temor, diferentemente deste, não esta no ato, mas na ausência do mesmo. Minha impassividade também é sinônimo da tacitude, do temor posto contra a revelação. É no branco dos meus olhos em que se esconde a verdade, inacessível na maioria das vezes. Isso me deixa mais firme ou vunerável?
Somo o resto da minha disposição contra esse inimigo interior, cuja potência aumenta em função diretamente inversa a minha debilidade. Então, não me levantar em armas frente a este monstro branco de todos os dias é dizer a vc que vou desistir da vida e me entregar as trevas e ao vício da negação. Não é o que me proponho a fazer; negar a chance de viver é obedecer a desistência, é renunciar a virtude, é abdicar da glória.

quarta-feira, 3 de março de 2010

[...]

Se eu realmente mereço toda essa merda que me mandem logo pro inferno...