sábado, 8 de outubro de 2011

Entre o Sorriso e o Choro,

diante de ambos minhas defesas sucumbem, a bandeira branca é levantada e os disparos cessam. Diante do arbítrio inimigo abro mão de condições pré-estabelecidas e qualquer negociação é vã diante da inevitável rendição. Reconheço a derrota, sou fraco. Minhas posições são tomadas e todo o território é ocupado sob os últimos suspiros da resistência. Somente loucos ou cegos negariam a vitória destes semblantes refletida no branco de suas retinas. Toda diatribe deve ser regida ao compasso de argumentos postos com postura e destreza, a eloquência e erudição são então, instrumentos indispensáveis em uma contenda verbal. Mas aqui também, como no amor e guerra, tudo vale.
Descobri hoje mais um calcanhar de aquiles, claudicando diante desta verdade ganhei conciência de mais uma fraqueza. Não sou nada diante de um sorriso, ou melhor, diante de sua hipérbole, aquela gargalhada contagiosa, capaz de ressoar até dentro do ambiente mais estéril e cético. Há expressão mais sincera do que um riso descontrolado? Seja a gozação pela gozação, não me interessa a armadilha que porventura pode ocultar, estou preso naquele átimo de segundo que separa a inflexão das covas de um rosto e o brilho qu emerge do smalte de seus dentes. Me entrego porque estou encantado, me submeto porque me enamorei da melodia e da expressão de uma alegria ou desespero. Vos bien sabes la verdad. Igualmente não sou ninguém diante do choro incontido, me humilho jogando meus joelhos ao chão porque a culpa recai sobre meus ombros, me responsabilizo por cada cristal líquido vertido sobre o solo, água de salmora intragável. Mudo minha opinião e me traio, porque uma vontade não é nada frente um torrente emocinal. Seja aquele choro miudo e amuado que pinga como uma torneira mal fechada ou aquela cascata que borra o rimel e a suavidade da pele deixando apenas uma face desfigurada, eu me entrego e dou meu coração para que enxugues sua angustia e cure sua mágoa. Do mesmo modo posso traduzir minha sensibilidade em lágrimas se é de alegria que estamos tratando.
Manifestações de fisionomia tão contrastantes e opostos guardam entretanto, um paradoxo intrigante. Tanto o choro como o riso podem ser juízos da alegria como da tristeza. Rio de desesperança como posso chorar de ventura e tanto um como o outro gesto se refletem em um espelho, revelação de duas irmãs separadas desde berço e que me tocam quando nada mais chamaria minha atenção ou mudaria minha decisão.

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