quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Quero um quarto, quero uma porta

Quero um quarto, quero uma porta; preciso de um espaço autônomo, uma área de convívio individual. Meus auvéolos já se entopem de balbúrdia, eu não consigo respirar com barulho, minha sanidade mental depende do silêncio, estou sendo tão ilógico assim em defender essa questão? Meus planos desmoranam-se como castelos de cartas por simples murmúrios, um maldito cicio desconstrói meu raciocínio mais simples e minha serenidade ou concentração, como quiserem os críticos, não é nada sem uma quietude sepucral. Não me deixam conversar com meu ego, travarei tal debate com quem, então? O bozo?!
Estou farto-estressado-amuado e meus pensamentos já me fogem amedrontados ou me aparecem desconexos, como um homem pode se guiar sem a luz de suas idéias? Quantas vezes minha vontade foi a de errar por caminhos desconhecido, provando apenas do acalentar das trevas, sem se incomodar com os assovios do vento! Mas esse protesto é sobre isso, não contra os sons, mas em oposição a incoveniência dos seres, mais que uma queixa, ele representa um desabafo (afinal é essa a função desse blog). Como diz aquel música: "gostaria de um lugar no campo em uma casinha de sapê", nada mais singelo ou bucólico me faria mais feliz... É o que minha prosa diz por ai, minha melhor aura está entre os elfos e as ninfas da floresta.
É noite e estou menos aflito e mais calmo, "penetrar surdamente no reino das palavras" significa isso, a audição aqui não se faz necessário... minhas abstrações ganham ares, libertam-se dos grilhões da interrupção e eu consigo retornar do exílio de mim mesmo. Minhas imagens ganham cores e minhas representações vida! Acho que esse tipo de viagem introspectiva é um dos meios de se conhecer a si mesmo, os sonhos são outras das passagens diretas para o escapismo e o sono só se faz depois da cessação dos ruídos. Vê aonde quero chegar? Dessa forma percebo na tranqüilidade plena um dos estados para a criação, patamar do qual nem Dali muito menos Cruz e Souza poderiam ter surgido.

Claro, ainda existem coisas que me prendem a atenção de maneira fecunda e por elas eu prezo: gotejos da calha, folhas se entregando a terra e a sua voz.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Estilete

"Mediante um sol castigante
Procuramos um oásis
com ansiedade muda em frases
Ignoramos os cartazes

Dois valentes kamikazes
embriagados pela alegria,
que ardia- nesse quente dia-
de magia.

Tudo estava perfeito
A água doce nos chamava para seu leito
como crianças desprotegidas nos aninhamos em seu peito
E não medimos mais as consequências do que foi feito

Sem nenhum alarme
Estiletes cristalinos atravessaram a carne
à espreita na floresta esmeralda havia um elfo hipnotizante
que lançou seus feitiços sobre a carne lancinante
a paisagem e seu frescor
conseguiram amenizar sua dor
O hábil cirurgião nao deixou nenhuma gota de sangue
havia apenas lama salpicada do mangue

Tudo fora exposto
agora seu esqueleto respirava com maior gosto
e nos preocupávamos com a sua veia pulsando
a carne aberta, horrenda, quando
o elfo sorridente saboreou: aqui sou eu que mando!"

Sem mais.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

feito, refeito, defeito.

São horas de incerteza, são dias de angústia, são tempos de insegurança; não quero soterrar com pragas meus tesouros inventados, quero mais é apregoa-los com os mais doces elogios. No entanto minha vista mantém-se embaçada, meu caminho não está livre de tropeços e receio prosseguir. Sofro de insatisfação crônica é isso! Diagnóstico precipitado, porém, provável; quero mais é que se foda e curtir a vida, gritar: "É isso!" e me reinventar. Do que eu sou feito? Com o que eu posso ser refeito? Não, eu só conheço meus defeitos e deles, matéria-morta, nada se pode construir ou usufruir. Já estou a ultrapassar a barreira dos meados de minha existência, as duas décadas se findam e eu não sei o que sou.
Ah, me sinto tão injuriado; quero de forma afobada correr atrás dos meus planos, concatena-los com meus anseios e finalmente disperdiçar meus frutos! Será que estou fazendo sentido? Aliás, qual é o sentido? Eu só sei das minhas memórias, estava catalogando-as hoje, me sentia bem e satisfeito, pois via o quanto já tinha vivido, mas o pesar estava a me sondar, seu estratagema era fácil adivinhar. Às vezes acho que ambos os sentimentos estão de conchavo a dor e o prazer ambos a tramar, são tão parecidos, acredito mesmo que sejam irmãos. Logo, cai em sua cilada, meu temor maior despertou; minha dúvida era se poderia continuar a colecionar/gozar de bons momentos, inefáveis instantes, doces vivências. Oh, passatempo atroz!
Não sei, mas por vezes jugo creditar proteção em sua voz, sinto que poderia escutá-la o quanto vc conseguisse proferir suas raras palavras, desejaria me aventurar à noite em companhia desta melodia ímpar; vencer as horas, vencer o sono, vencer a covardia. No entanto aqui estou, apenas a sonhar, mas destas matérias oníricas eu extraio uma certeza, pois sim, já ouvi falar que "é impossível pensar em qualquer ato de um sonho cuja motivação original não tenha passado, de um modo ou de outro fosse desejo, anseio ou impulso , através da mente desperta": acordado ou entorpecido eu sei o que quero, mas me sinto vacilante.