domingo, 7 de agosto de 2011

Câmbio de mobília e gênios.

Entra na sala, sua vista percorre as paredes, passeia entre os móveis e tarda seu exame sobre as mudanças - aqueles desencontros entre a lembrança e os fatos do presente - descontinuidades portadoras de um certo desconforto, entretanto tal peso é demasiado leve para turvar os bons ares daquele ambiente. Espaço familiar, abre mais uma vez sua comodidade a este corazón viajero, quem poderia desejar mais? Lhe resta pouco, porém não lhe falta nada e pensa dessa forma querer viver para sempre. A dependencia marca sua relação com os homens e aos poucos reanima a chama da fé que tinha neles.
Algo há mudado porém, além da posição da mobília sente um tom distinto de palavras, gestos e atitudes. Passa a imaginar se existe uma relação entre a metamorfose da fotografia da casa para com os que habitam ela. Nem tudo está igual como deixou a quatro meses atrás; desapareceu uma das camas, a prateleira deslocou se à parede oposta a que estava e a sensação de afeto minguado pertuba sua paz. As pessoas mudam e isso é fato, lei imutável que emoldura a vida dos homens que nasceram uns e morreram outros, então o que fazer? A personalidade/carater/gênio então, são como uma massa maleavel sucetível ás intempéries da existência. Mas será que existe uma ligação entre os cambios domésticos e os cambios pessoais? Essa suspeita lastima mais minha mente já tão acumulada de receios e as hipoteses do "um leito a menos" criam um duro conflito de relação. Todos sabemos o que são o passar dos dias para a existência humana, não há fotaleza que resista à ação do tempo.
Ele também andou mudadando e cada dia reserva uma experiência distinta, as vezes transformado outras, simplesmente, um desafio a teimosia senil. Aprender mais não significa mudar para melhor, significa apenas mudar; qualificativos serão sempre externos a todo processo Ainda assim, se entrega a dúvida: mudou-se tanto até o ponto do pleno desconhecimento alheio? Ainda se reconhecem, mas não se sabe até quando - o tempo saberá dizer. Por enquanto caminha sobre ruínas..

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