sábado, 28 de julho de 2012
Catraca
Absorto em idéias, sigo pelo trajeto habitual até o Metro de São Paulo, minha expressão assume um semblante pesado em razão mesmo dos pensamentos que ocupam a minha mente, meu passo seguro pouco ou nada se detém aos novos e velhos detalhes que assomam à vista daqueles de atenção tadicionamente sensível. O último trecho de asfalto é sucedido pelas escadas que descendem até o sistema de catracas da Estação Jardim São Paulo, antes e enfim uma longa rampa que progride segundo as lei da gravidade de Newton para quem ingressa e egressa. Acesso a uma das roletas de ferro e a trava eletrônicas me barra, sou impedindo de passar alertado pelo ruído de choque metálico e o transe em que levava a minha mente e corpo é temporariamente interrompido, retorno e me fixo sobre o sinal luminoso que informa sobre funcionamento da máquina - está liberada. Em um movimento arisco e desconfiado minha velha jaqueta, presenteada por James Dean em seu filme de 1955, e eu rejeitamos aquele aviso e acionamos a segunda catraca ao lado e nos deparamos com um novo bloqueio. Meu rosto e o das testemunhas anônimas ao redor apontam com um acento de incompreensão. Alguns segundos se passam até me dar conta de que não havia pagado a passagem, saco então o bilhete único da carteira e efetuo o depósito. Cruzo o limite e paro alguns passos a frente para novamente volver os olhos às minhas costa e àquelas dez catraca metálicas enfileiradas para me perguntar: por que tenho que pagar?
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