sábado, 21 de julho de 2012

Pornopoética, Fragmento 1

Em um movimento sereno e misterioso ele retira um objeto de sua bolsa, regressa a cama depois da promessa feita sobre a surpresa que lhe havia preparado para esta noite, seguro por uma das mãos trazia um livro consigo, um volume de não muitas páginas, capa marrom, cujo título era bloqueado por dois dos dedos de sua mão. Sobre a cama, usando uma camisola quase translúcida, branca e com abertura na frente ela espera e aguarda com um ar de suspeita e doçura; assentada sobre as próprias pernas e aninhada entre os lençois de tons claros que cobriam a cama ela guarda seu entusiasmo sobre o reinicio da conversa enquanto ele se acomoda a beira do leito ainda distante do seu corpo. Abre o livro e começa sem cerimônia a leitura de uma página que ele sorteou ao acaso. "descoberta de todo pudor e tecido, ela maneja sua nudez como um império, os artificios de sua carne eram empregadas com tal destreza que aquele homem, o qual ela havia eligido para repartir aquela noite, sentia-se quase possuído apesar de empunhar seu sexo já ereto sobre uma das mãos. A malícia e o desejo no rosto daquela sedutora mulher não deixava dúvidas sobre quem dirigia as regras daquele jogo, ela despreza suas mãos em um gesto vulgar e toma ela mesma o grosso e vigoroso brinquedo do seu amante que, desnorteado, não tem mais nada a fazer do que sentir aquelas sucessivas ondas de calor e prazer em seu âmago.." Enquanto lia, sentia que sua companhia limitava as reações a postura do corpo, substituindo uma posição comoda por outra nem tanto, o roçar daqueles finos lençois denunciavam suas respostas contidas. Atento aqueles gestos ele seguiu sua narração até o "delírio irrefreavel daqueles dois amantes anônimos possuía como unica testemunha o ranger desconjuntados da estrutura da cama que os abrigava..". Fecha o livro subitamente e mira com atenção o rosto e o corpo de sua mulher, a devora naquele mesmo segundo de seu olhar, aparentemente inerte ela apenas deseja, arfante de um esforço que ainda não existe, ela segue desejando sem se mover. Então, abandonando o livro a mesa de cabeceira ele se arrasta suavemente sobre a cama até limite físico que permite encaixar sua boca as orelhas dela, à iminência daquele corpo cálido e torna ao fio da seu enredo interrompido, àquele conto de luxúria e devassidão de personagens ficticios, porém dando enfase agora não tanto aos detalhes de sua história e sim à entonação de sua voz e a vibrante correspondencia fisica de sua ouvinte. Ele passa sua língua às bordas da cartilagem, beija com toques suaves de seus lábios o seu dorso nu e o conto pornopoético que nascia não mais daquele livro, pululava sua imaginação e a realidade daquela cama de casal. Suas mãos deslizam pelo dorso dela e sob a camisola, alcançam aquele lugar proibido para todos os outros homens, menos para ele; encontram sua virilia ardente e trêmula, sua mão acaricia o sexo e seus dedos já umidos e ageis criam o prazer daquelas preliminares e o estopim de gemidos sufocados. Seus seios, seu busto, seus ombros, seu olhos todos delatam um prazer que ela intenta prorrogar internamente e infinitamente.. Não existem mais peças de confecção fria sobre seus corpos, nus e libertinos eles incendiam o único cômodo claro da casa. Ela sobre ele, não pode olhar em seus olhos porque aquele prazer e excitação querem ser vistos sem para tanto necessitarem aparência, ele agarrando com ambas as mãos as ancas daquela madonna e puxando e impelindo em movimentos repetitivos o quadril da sua garota, aquele atrito entre os sexos que dura a eternidade do gozo sexual, a petit mort dos ardorosos casais franceses.. Eles não desejam mais nada, apenas descansar por horas, um em referência ao outro, após aquela última comunhão.

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