quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Dança de Ninfa e Sátiro

Embrenha-se floresta adentro, distintos estímulos embaralham os sentidos que, entorpecidos, se entregam à quimera. Especula com os passos a terra firme e úmida que envolve seus pés com ramas e folhas, transita entre as árvores com os mesmos movimentos com os quais seus pensamentos fluem inquientos entre si em sua mente, caminhar sempre teve um sentido em si mesmo. Não sabe se tens permissão, apesar de pedido feito, avança sob a suspeita de indiscrição e lhe sobem a mente mil fantasias insólitas. A solidão e o silêncio não existem ali, apenas o breu que lhe cobre com olhos invisiveis; é excitante pensar nas milhares de redes de relações que são disparadas a cada imprecaução de galho partido. Quer passar desapercebido, porém guarda plena consciencia do conhecimento dos outros sobre ele. Tudo ali parece feito da tinta do pincel de um deus que se dedica à pintura do maravilhoso aos domingos.
Ao jogar a vista ao céu, entre as copas de grandes árvores, a lua lhe guarda um rosto amarelo, desconcertada com a tarefa imposta de ser a única a se revelar naquele cenário. Aos poucos aquele corpo frágil se enleva com as mais variadas melodias noturnas. As texturas da floresta não mais lhe pinicam a epiderme e seu desespero inicial diminui o ritmo junto as batidas de seu coração.

- Mesmo eu sou refém de meus set's literários, minhas narrativas transformam-se em prosa poética e insisto tanto nos detalhes que esqueço a história e passo a desejar viver o que escrevo antes de escrever o que vivi.-

Tens a impressão de fazer parte de uma grande cia de dança, teatro ou até circo, toda a revolta desencadeada pelas correntes de ar lhe soam com uma dramaticidade cativante. O frio, condutor principal dos medos mais primordiais, submete-se ao calor dos palcos.
Entre troncos musgosos, surge então, a atriz  principal, quem não estava ali, agora transita como se estivesse de passeio entre cômodos de uma casa. Uma das mais belas ninfas daquele recanto vem lhe receber em seus cantos e como sátiro, aceita o papel que lhe atribuem. Ama-a no interior da depressão de um Jequitibá gigantesco, rosa como os seios da ninfa semi-desnuda, cujos reboliços infindáveis são atenuados apenas por suas mãos que os empunham com grande prazer. Arrasta suas mãos arranhando as coxas da dona de um sorriso pueril e se imposta entre suas pernas fincado suas ferraduras em solo macio. Se amam entre suspiros e feridas e tudo naquele bosque exala perfume de amor e luxúria.

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