Parte de mim nasceu achando que era filha única
Parte de mim carece de irmãos
Parte de mim vive sumindo
Parte de mim volve os olhos para a lua cheia que ascende atrás da colina
Parte de mim espera até o fim por uma nova chance
Parte de mim só queria mesmo ouvir o 6 First Hits
Parte de mim insiste em seus longos cabelos
Parte de mim só acordou quando ela cortou os dela
Parte de mim é apartidário
Parte de mim hasteia a bandeira vermelha
Parte de mim levantou faz tempo a branca
Parte de mim acha que suicídio é coisa de covarde
Parte de mim é homofóbico
Parte de mim é sadiano
Parte de mim sempre acaba ligando de volta
Parte de mim é solitário por opção
Parte de mim odeia contato físico
Parte de mim tem medo de que ela nunca mais o abrace
Parte de mim tem fé na humanidade
Parte de mim odeia gente
Parte de mim ama ruivas
Parte de mim deseja não botar mais os olhos naquela loira
Parte de mim sofre de gastrite
Parte de mim é dado a pândega
Parte de mim achou um real na pista de dança
Parte de mim nasceu de costas para a lua
Parte de mim sente algo por alguém que o não sabe ou apenas ignora
Parte de mim a odeia profundamente
Parte de mim deseja nunca mais voltar ao lar
Parte de mim ressente-se por não ser um bom filho
Parte de mim amparasse em seus amigos
Parte de mim não suporta mais os mesmo lugares
Parte de mim senti-se bem após um longo diálogo
Parte de mim anda com livros e fones de ouvido no bolço
Parte de mim carrega todas as dores do mundo
Parte de mim só conhece a palavra "foda-se"
Parte de mim orgulha-se das cicatrizes
Parte de mim foge das brigas
Parte de mim quer ajudar o próximo
Parte de mim evita as pessoas
Parte de mim acha que precisa acordar mais cêdo
Parte de mim é um animal noturno
Parte de mim tem apenas um nome
Parte de mim é chamado de várias coisas
Parte de mim é chato
Parte de mim tem um jeito maravilhoso
Parte de mim está se afogando
Parte de mim dispensa aulas de natação
Parte de mim acordou somente ontem
Parte de mim já tem quarenta anos de vida
Parte de mim está em um busca espiritual
Parte de mim é ateu
Parte de mim poderia escrever a noite toda
Parte de mim acha que tudo isso é uma perda de tempo
Parte de mim briga com as outras parte
Parte de mim tenta o reconcílio
Partes de mim que se partem e se apertam, que um dia irão partir depois de tanto partilhar.
domingo, 27 de setembro de 2009
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Deus e o Diabo na Terra do Sol
Arremedo das condições prementes para uma existência sadia, exploração da carne queimada pelas intempéries do clima e da existência, a defesa não é para uma vida confortável no ambiente urbano e das regalias que a fartura pode oferecer, trata-se sim das pré-condições para a revolução camponesa! É isso o que nos oferece o ermo miserável e entregue do sertão semi-árido, "alegoria da fome e da exploração no subdesenvolvimento", no enredo da rapsódio de Deus e o Diabo na Terra do Sol. História de um homem enleado ao destino de uma vida já condenada e aos aforismos que a fé humana pode projetar, embate de duas forças antagônicas em uma terra de ninguém, aonde só existem duas leis: a do governo e a da bala.
Quando encurralado, um animal tende a ficar a mercê das regras de seu instinto - a necessidade de sobrevivência faz este reagir com revelia e hostilidade - pois não foi a isto que Manuel, o vaqueiro estava submetido quando apunhalou o coronel? Corisco, o cangaceiro também é fruto desta sina e sua promessa de matar os homens para que não morram de fome é a expressão da "violência do oprimido que a tem como afirmação sadia de uma dignidade aviltada pela experiência da fome." É luta entre as classes que se expressa nas entrelinhas, representada pela figura do molestado aflito que tenta se levantar por suas próprias forças e pelos seus próprios caminhos. Num ambiente onde misticismo e verdades cruas se misturam ou são concequencia uma da outra, conflitos internos e críticas externas, em quem estes desgraçados devem acreditar? "A terra é dos homens, não é de Deus e nem do Diabo", são os donos do mundo os responsáveis pelo seu rumo, assim canta o cordel que apresenta os persongens desta história e amarra a trama de ambivalências, como mesmo diz Ismail Xavier.
Na terra do sol os caminhos são impostos aos homens, as escolhas dadas partem da natureza do sistema que brinda aos poderosos, que por sua vez brinca com os instintos dos fracos deserdados e desamparados. Quando Manuel parte desembestado deixando sua Rosa, ele não está fugindo de seu fado - talvez esteja correndo em direção a este. Satanás está indo em direção ao mar, à revolução que se vislumbra no horizonte.
A punhalada final estava selada a mim, como fui descobrir no ao fim da sessão... Percorrendo um longo caminho de volta, mastigando as dores.
terça-feira, 15 de setembro de 2009
Diálogos
- Vc vai acabar se fudendo com isso...
- Então, sua profecia se concretizou, eu finalmente consegui o que eu não queria!
- ...
- Então, sua profecia se concretizou, eu finalmente consegui o que eu não queria!
- ...
domingo, 13 de setembro de 2009
Um Chamado
Um sussurro mudo grita dentro de mim - todos os dias - sou consternado por esse chamado, uma atração primal que me impele para aquele lugar. Sinto que preciso fugir, me desvencilhar de todos esse apegos fugazes e milhões de agonias que atormentam o homem moderno. Me embrenhar de novo pelos caminhos já traçados e por trilhas desconhecidas; uivar para a lua e sentir a transpiração que expele a liberdade dos poros da minha pele! Essa sensação recrudesce com as estas semanas infernais que vergam o meu espírito, que abatem meus ânimos e humilham o meu orgulho.
Meu bom lugar-meu bom lugar-meu bom lugar...
Preciso voltar.
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Sonetos
"Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.
Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs um mundo inteiro.
Trago-te flores, - restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa separados.
Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos."
"Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te a lama que te espera!
O Homem que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera
Toma um fósforo, acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro.
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa ainda pena a tua chaga
Apedreja essa mão vil que te afaga.
Escarra nessa boca de que beija!"
Não é o talento com as letras ou as circunstâncias retratadas que me fazem escrever sobre estes dois poemas tão destoante e ao mesmo tempo tão próximos - como faces da mesma moeda - pois é justamente neste constraste que quero concentrar minhas mudas palavras. Sabe, meu íntimo se comove não com o destino ao qual o espírito humano está submetido, mas com o produto criativo de tais infortúrnios. A simplicidade e a sensibilidade que permeiam estes dois sonetos nasceram de um solo regado a água e sal, tamanha infertilidade de tal fórmula não impediu que nele brotasse rosas e cravos de rara beleza. Estes dois botões desvelam em seus âmagos uma das obsessões mais perniciosas (para mim) - pelo menos uma das quais transparecem nos textos deste blog - a 'dedicação' que ambos os amantes sentem na carne e transbordam em seus murmúrios ou vitupérios é idealizada como o verdadeiro laço que une dois seres da mesma espécie. É justamente o fervor deste vínculo que une dois enamorados no início de suas vidas até a prematura morte de um deles; à falta dele depreende-se injúrias e perfídias, a carência deste tempero desdobra-se na angústia e no desespero que é sentir-se enganado. Foi a uma vida de dedicação que se ergueu o altar sobre o "leito derradeiro" de Carolina, logo é à usurpação deste ideal que se refere à "ingratidão" do segundo poeta. Vc levaria margaridas ao túmulo quem te apunhalou pelas costas?
Á dedicação que todos os romances e hisórias de amores impossíveis estão devotados, foi em desfavor desta luz que os Montecchios e Capuletos tiveram que lutar. Dedicação são mãos dadas - a significância de uma união entre os dedos e as vidas entrelaçadas como amantes de uma noite fortuita ou como cúmplices de um crime perfeito, cuja gema preciosa cegou a muitos com seu brilho.
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.
Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs um mundo inteiro.
Trago-te flores, - restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa separados.
Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos."
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"Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te a lama que te espera!
O Homem que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera
Toma um fósforo, acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro.
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa ainda pena a tua chaga
Apedreja essa mão vil que te afaga.
Escarra nessa boca de que beija!"
Não é o talento com as letras ou as circunstâncias retratadas que me fazem escrever sobre estes dois poemas tão destoante e ao mesmo tempo tão próximos - como faces da mesma moeda - pois é justamente neste constraste que quero concentrar minhas mudas palavras. Sabe, meu íntimo se comove não com o destino ao qual o espírito humano está submetido, mas com o produto criativo de tais infortúrnios. A simplicidade e a sensibilidade que permeiam estes dois sonetos nasceram de um solo regado a água e sal, tamanha infertilidade de tal fórmula não impediu que nele brotasse rosas e cravos de rara beleza. Estes dois botões desvelam em seus âmagos uma das obsessões mais perniciosas (para mim) - pelo menos uma das quais transparecem nos textos deste blog - a 'dedicação' que ambos os amantes sentem na carne e transbordam em seus murmúrios ou vitupérios é idealizada como o verdadeiro laço que une dois seres da mesma espécie. É justamente o fervor deste vínculo que une dois enamorados no início de suas vidas até a prematura morte de um deles; à falta dele depreende-se injúrias e perfídias, a carência deste tempero desdobra-se na angústia e no desespero que é sentir-se enganado. Foi a uma vida de dedicação que se ergueu o altar sobre o "leito derradeiro" de Carolina, logo é à usurpação deste ideal que se refere à "ingratidão" do segundo poeta. Vc levaria margaridas ao túmulo quem te apunhalou pelas costas?
Á dedicação que todos os romances e hisórias de amores impossíveis estão devotados, foi em desfavor desta luz que os Montecchios e Capuletos tiveram que lutar. Dedicação são mãos dadas - a significância de uma união entre os dedos e as vidas entrelaçadas como amantes de uma noite fortuita ou como cúmplices de um crime perfeito, cuja gema preciosa cegou a muitos com seu brilho.
6 Km
Madrugada, marcha vacilante e ligeira, pânico e solidão - the most loneliest night of my life - até mesmo a lua me negava suas cores. Miscelânia de sentimentos e sensações: raiva, amargura e tristeza disputavam a hegemonia desta agonia arquejante..."Será que é mesmo por essa rua?". O silêncio e o vazio das avenidas destoavam da confusão que anuviava as minhas vistas e o meu raciocínio - precisava dele para retornar ao lar. Uma vitrine, luzes e utensílios se postavam a minha frente como a flâmula que enfurece o touro e prejudica o seu juízo... O contraste mudo com o indigente em seu ninho de penúria, imagens/idéias conflitantes que incitavam meu desgoto e revolta. O discrepante sonho de consumo da classe média do sala-quarto-cozinha que iluminava o sono das lástimas da condição humana! Uma pedra, um avo, um impeto e estilhaços - alarme e a consequênte desorientação - não queria aquecer o peito, queria vingar a alma.
O lobo se refestela como uma hiena.
O lobo se refestela como uma hiena.
sábado, 5 de setembro de 2009
Demônios em uma metalinguagem
De repente um arrepio corre a minha espinha e eriça a minha pelugem - são as vozes que não se aquetam na minha mente e me impelem ao papel e à caneta, dar inteligibilidade a estes grunhidos intestinais torna-se díficil, por vezes árduo, pois eles não se expressam por verbos, mas apenas instintos. Como transcrever uma sensação que se faz sentir apenas no âmbito físico da nossa percepção, com uma tal pertinácia que pertuba a serenidade mais gândhica que possa haver? Não que a criatura que vos escreve consiga atingir tal nível de equilíbrio, mas simplesmente reflete sobre experiências que a espécie humana divide - alguns mais intensamente que outros - que nos despênde forças físicas e desgasta espíritos cada dia mais fragilizados. Já me contaram sobre tratamentos, terapias que com alguma eficácia fazem adormecer aqueles ladridos ou pelo menos descrece o volume destas vozes, mas quem tem paciência ou tempo para tais assuntos?
Minha proposta aqui é desenvolver sobre a pontencial criativo de tais tormentos ou melhor, quero escrever sobre o meu próprio punho que possuído por tais entidades descorre em infinitas linhas sobre assuntos variados que de banais a etéreos perfazem a minha cultura escrita ou como eu prefiro dizer, a instância material dos meus pensamentos e delírios. Às vezes tomado de uma elevação cuja origem não posso atinar, me anseia escrever sobre a leviandade e a brandura das nuvens que transportam meu espírito para um lugar desconhecido... é como se eu apenas conseguisse escrever sobre coisas boas e excelsias, porém também me calcava a conciência de que qualquer pertubação visual ou mesmo um deslize do lápis sobre o papel me tirariam deste transe. Outras vezes o peso de algumas idéias me faziam negro e silente e me transportavam para um submundo de amarguras e torturas que não se desdobravam para a esfera física, porém se configuravam em uma latência insuportável. Então, vc pode imaginar como é redigir com tais auras? Estes mesmo aspectos podem ser divisados no traçado que a caneta faz nas linhas que ela divide e pauta: a força empregada sobre a página e a grossura do rastro, aqueles rabiscos nervosos e aqueles que mal transparecem à luz do dia de tão ligeiros.
Estes demônios que começo agora a identificar, dando forma e nomes a eles, batucam uma melodia estranha na minha cabeça que eu não chegaria a alcunhar de ruidosa ou acalentosa, mas que também não poderia transcrevê-la, entretanto de alguma maneira estas palavras que eu deixo nestas folhas soltas são o registro dessas notas incongruentes e desconexas, mas de tal forma orgânicas que não posso mantê-las mudas por muito tempo. Pois é justamente sobre o que eu escrevo ou melhor, como eu escrevo... Manifesto assim da melhor forma possível esses sons primordiais surdos - aos quais somente eu posso dar atenção - tento ser fiel, partindo dos limites que a minha linguagem impõe, tento dar os tons possíveis e necessários e nunca negar o que eles transmitem. Vomito então as idéias e as máximas, dou um eixo e as palavras aos poucos revelam as cores do quadro, o retrato de uma fera em couro de carneiro. Se abuso dos termos rebuscados e por isso me faço inacessível ou obscuro é porque ainda não consegui apreender a verdadeira mensagem, então paciência, por favor.
Os contos fictícios são outras das peças deste quebra-cabeça que ainda tento ordenar, não partem tanto da onde eu estou indo, mas para aonde eu quero chegar, porém são também elas centelhas desta chama primal que arde no meu interior. Por vezes começo a escrever já com toda a história na cabeça, louca para pular das minhas têmporas, testa ou nuca para assim, verter-se sobre o papel, mas também tem aquelas que se escondem de mim e que eu apenas espero pelo dia em que possa finalmente aprisioná-las nesta cela de celulose.
Como fazer clarear esse ânimo arrebatador que me faz escrever compulsivamente? Vc pode enterder ou imaginar o que é compreender uma filarmônica dentro do córtex? Me sinto quase um escravo destes impulsos literários... É como se tudo que eu vivi, li e presenciei luta-se, embrenhando-se uns nos outros, como vermes revoltos, misturando-se e imiscuindo-se no que cada um representa ou promente para enfim um destes felizes espermatozóides ganhar vida ou renascer em uma forma imperfeita.
Aaaah, calem-se demônios!
Minha proposta aqui é desenvolver sobre a pontencial criativo de tais tormentos ou melhor, quero escrever sobre o meu próprio punho que possuído por tais entidades descorre em infinitas linhas sobre assuntos variados que de banais a etéreos perfazem a minha cultura escrita ou como eu prefiro dizer, a instância material dos meus pensamentos e delírios. Às vezes tomado de uma elevação cuja origem não posso atinar, me anseia escrever sobre a leviandade e a brandura das nuvens que transportam meu espírito para um lugar desconhecido... é como se eu apenas conseguisse escrever sobre coisas boas e excelsias, porém também me calcava a conciência de que qualquer pertubação visual ou mesmo um deslize do lápis sobre o papel me tirariam deste transe. Outras vezes o peso de algumas idéias me faziam negro e silente e me transportavam para um submundo de amarguras e torturas que não se desdobravam para a esfera física, porém se configuravam em uma latência insuportável. Então, vc pode imaginar como é redigir com tais auras? Estes mesmo aspectos podem ser divisados no traçado que a caneta faz nas linhas que ela divide e pauta: a força empregada sobre a página e a grossura do rastro, aqueles rabiscos nervosos e aqueles que mal transparecem à luz do dia de tão ligeiros.
Estes demônios que começo agora a identificar, dando forma e nomes a eles, batucam uma melodia estranha na minha cabeça que eu não chegaria a alcunhar de ruidosa ou acalentosa, mas que também não poderia transcrevê-la, entretanto de alguma maneira estas palavras que eu deixo nestas folhas soltas são o registro dessas notas incongruentes e desconexas, mas de tal forma orgânicas que não posso mantê-las mudas por muito tempo. Pois é justamente sobre o que eu escrevo ou melhor, como eu escrevo... Manifesto assim da melhor forma possível esses sons primordiais surdos - aos quais somente eu posso dar atenção - tento ser fiel, partindo dos limites que a minha linguagem impõe, tento dar os tons possíveis e necessários e nunca negar o que eles transmitem. Vomito então as idéias e as máximas, dou um eixo e as palavras aos poucos revelam as cores do quadro, o retrato de uma fera em couro de carneiro. Se abuso dos termos rebuscados e por isso me faço inacessível ou obscuro é porque ainda não consegui apreender a verdadeira mensagem, então paciência, por favor.
Os contos fictícios são outras das peças deste quebra-cabeça que ainda tento ordenar, não partem tanto da onde eu estou indo, mas para aonde eu quero chegar, porém são também elas centelhas desta chama primal que arde no meu interior. Por vezes começo a escrever já com toda a história na cabeça, louca para pular das minhas têmporas, testa ou nuca para assim, verter-se sobre o papel, mas também tem aquelas que se escondem de mim e que eu apenas espero pelo dia em que possa finalmente aprisioná-las nesta cela de celulose.
Como fazer clarear esse ânimo arrebatador que me faz escrever compulsivamente? Vc pode enterder ou imaginar o que é compreender uma filarmônica dentro do córtex? Me sinto quase um escravo destes impulsos literários... É como se tudo que eu vivi, li e presenciei luta-se, embrenhando-se uns nos outros, como vermes revoltos, misturando-se e imiscuindo-se no que cada um representa ou promente para enfim um destes felizes espermatozóides ganhar vida ou renascer em uma forma imperfeita.
Aaaah, calem-se demônios!
Assinado eu
"Já faz um tempo que eu queria te escrever um som. Passado o passado, acho que eu mesma esqueci o tom. Mas sinto que eu te devo sempre alguma explicação. Parece inaceitável a minha decisão. Eu sei. Da primeira vez, quem sugeriu, eu sei, eu sei, fui eu. Da segunda quem fingiu que nao estava lá, também fui eu. Mas em toda a história, é nossa decisão saber seguir em frente, seja lá qual direção. Eu sei.Tanta afinidade assim, eu sei que só pode ser bom. Mas se é contrário, é ruim, pesado e eu não acho bom. Eu fico esperando o dia que você me aceite como amiga, ainda vou te convencer. Eu sei. E te peço, me perdoa, me desculpa que eu nao fui sua namorada, pois fiquei atordoada, faltou o ar, faltou o ar. Me despeço dessa história e concluo: a gente segue a direção que o nosso próprio coração mandar, e foi pra lá, e foi pra lá."
Descobri essa cantora esses dias, não pela pessoa, não pelas letras ou melodias, mas a voz, ah, essa voz.. me viciei! A textura sonora é quase tangível, me anseia tirá-la pra dançar toda vez que ouço qualquer das nota ou mesmo o prelúdio, é como se a conformação destes sons tivesse corpo e espírito. E como tudo que me agrada, esta também parece ter algo a me dizer, contido claro, nesta letra que transcrevo.
Mas será que ela algum dia ouvi aquela música da Elis Regina, "Pois é"? Custo a acreditar que sim...
Descobri essa cantora esses dias, não pela pessoa, não pelas letras ou melodias, mas a voz, ah, essa voz.. me viciei! A textura sonora é quase tangível, me anseia tirá-la pra dançar toda vez que ouço qualquer das nota ou mesmo o prelúdio, é como se a conformação destes sons tivesse corpo e espírito. E como tudo que me agrada, esta também parece ter algo a me dizer, contido claro, nesta letra que transcrevo.
Mas será que ela algum dia ouvi aquela música da Elis Regina, "Pois é"? Custo a acreditar que sim...
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