Depois de 15 anos eu revia o mar; uma alegria intensa, que só fazia aumentar a medida que cruzávamos as ruas, tomava conta de mim. Enfim chegamos à imensidão negra e inefável, era noite, e tudo que eu conseguia divisar - as ondas, a areia e a luz tênue de distantes embarcações pesqueiras - só fazia contagiar o meu entusiasmo! Entretanto, apesar da sensação pueril que sentia, não estaria nela o ensejo para novos escritos. O alimento desta ocasião estaria antes na experiência subjetiva de tais momento, sabe?
Como o conteúdo de tantas outras conversações falo aqui somente do que senti e não do que eu vi. Me atentando a necessária brevidade do relato, pois uma prorrogação o tornaria enfadonho, destaco aqui o essencial. Foi ao alvorecer do dia seguinte, estava de novo face a face com aquele marulhar incessante, com movimentos compassados e descompassados e a cima de tudo sucedâneos com os quais me atraia para um tête-a-tête mudo. Naquele instânte eu compreendi e gozei a metáfora dos olhos de ressaca; olhos, cuja "força arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca." Então, eram os olhos do Atlântico que miravam suas vistas para mim e consumiam toda a minha atenção. Algo de maravilhoso e insólito me hipnotizou por alguns minutos, por que não me entreguei?
Aqueles lindos olhos azuis de refugo esverdeado me fizeram recordar os teus e das mostras de intensidade e encanto que tantas vezes eles me revelaram. Pois, também deste momento me veio à memória o fato de a eles também não me ter cedido. Sabe, teus olhos hoje continuam me guiando, visto que obedecendo à máxima que diz "só se tem aquilo que se perde", apercebo-me de que só agora consigo imergir em suas águas profundas.
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
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