A vida, o gozo, o desabrochar do que seram feitos? Que momentos/sentimentos conseguem promover tal concretização? Construímos a nós mesmos dessa imperiosa vontade de viver? Ou erguermos esse edifício através de experiências e suas ulteriores digestões, algumas de efeitos extremamente deletérios? Movimento natural mas de complexa interpretação. Tudo tem um tempo particular e exato; algumas árvores desabrocham suas flores somente após a primavera, alguns frutos maturam sua carne depois do período da fome. Pergunto então, devemos culpá-los por tal especificidade ou excentricidade? Ou poderemos respeitá-los quanto a sua natureza e humildemente apreciar sua beleza?
Apreendemos o universo através da percepção, fabricação de uma imagem da qual daremos colheita dos conceitos que posteriormente servirão á sua interpretação. Procedimento enviesado que cedo ou mais tarde engessará nossa qualidade de apreciação, pois não atentaremos mais ás peculiaridades inatas, mas apenas aos resultados de análises rigorosas. A beleza não pode ser algo normal ou estanque, mas sim, idiossincrática e mutável ou seja puro prisma póetico. Además, quem duvida de que o medonho para uns, pode ser atraente para outros? Sabes, é daqui que eu distingo a verdadeira graça de pertencer a espécie racional.
Entretanto, para outros essa multiplicidade pode parecer perigosa, essa não adequação á categorias cartesianas impõe necessariamente uma barreira á ordem, afinal que regra sobreviveria á tantas exceções? O grande cranco do coletivismo é exatamente esse sufocamento arbitrário do individualismo; em função da promessa de justiça social entregamos a possibilidde da crítica existencial, seja material, imaterial ou coisa que o valha...
A cada vivência pessoal e individualizada nós moldamos um aparelho pessoal interpretativo da realidade que pouco terá de vulgar e nossas opiniões, comportamentos, aspirações consequentemente já de muito estarão determinadas. Como eu disse, a cada personalidade é estipulado um prazo único de leitura e posterior decomposição. Que mal tenho eu se só consigo enchergar tranquilidade e inspiração na matéria viva da natureza, se encontro beleza nesses estados cotidianos e naturais de putrefação? Se "uma melancolia solitária torna-se base de uma grande poesia lírica, e a fuga para a vida ídilica do campo, uma necessidade imperiosa provocada pelo mal-estar que os romanticos experimentam quando se encontram na cidade."? Então voltemos áquela infame sina da humanidade de que, vc sabe, até mesmo de sacos de fezes podem nascer flores, frutos e beldades!
terça-feira, 15 de junho de 2010
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