quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Exílio

Foi um exílio involutário este imposto sobre a minha vida, de um golpe minha rotina foi alijada e fui obrigado a fazer novos amigos sem estar descontente com os antigos. Conto essa história não para lamentar de meus pesares, mas simplesmente para preservar na memória aqueles que não tiveram a mesma sorte que a minha e para fazer crer a mim mesmo que não estou louco. Escrever foi o único remédio contra a solidão que encontrei na cidade natal que não sabe mais quem eu sou. Tento me apresentar a ela todos os dias, mas não é só a indifireça que responde, é também o medo.
Foi naquela tarde de príncipio de agosto após o meu retorno que percebi que ainda estava em exílio. Eram as mesmas ruas e as mesma feições circulantes - paracia que nada havia mudado - cheguei até a reconhecer aquele mendigo que costumava repousar na esquina da Santa Fé com a Uraguay a quem eu já havia ofertado algumas moedas. Entrando no restaurante que era de meu gosto desde os tempos da juventude tudo o que queria era cumprimentar o velho Jorge que sempre me atendia com um sorriso no rosto. Entretanto, o que era o calor de uma amizade passou para o frio tratamento de um seviço comum, um cliente qualquer era o estava em sua frente.
- Hola, Jorge! Como estas?
- Bien, lo que vos deseas?
- No te acordas de mi?
- No, quien sos?
Era assim em todos os lugares e com todas as pessoas, a maiorias de meus conhecidos se quer estendiam a mão, prefiriam correr, fugir do meu fantasma. Os anos me apagaram de suas memórias ou envelheceram o meu rosto por demais? Sentir essa solidão em meu próprio páis não se comparava a qualquer desterro. Se eu não era mais nada para eles o que poderia ser para mim mesmo? E esse vazio interno me comia a medida que percebia que meus amigos de infância também haviam desaparecido. Se eu era extrangeiro aonde havia nascido donde estaria a minha pátria? Minha busca continuou pelos bares e café que a insônia me impelia a frequentar, até que um dia uma linda mulher se aproximou de minha mesa e perguntou: "- Vicente!, donde estebe por tantos anõs?" Eu não a reconheci e foi então que percebi que já estava morto a muito tempo.

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