segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Velha montanha


"Entonces en la escala de la tierra he subido entre la atroz maraña de las selvas perdidas hasta ti, Machu Picchu.

Madre de piedra, espuma de los cóndores.

Alto arrecife de la aurora humana.

Pala perdida en la primera arena.

Ésta fue la morada, éste es el sitio: aquí los anchos granos del maíz ascendieron y bajaron de nuevo como granizo rojo. Aquí la hebra dorada salió de la vicuña a vestir los amores, los túmulos, las madres, el rey, las oraciones, los guerreros."


Penetro humildemente neste reino de pedras, oculta entre as nuvens e das vistas humanas. Passeio pelos seus corredores, cômodos e praças com a mesma cerimônia de um sacertote que se prepara para a liturgia, com essa disposição respeituosa pretendo ser merecedor dessa visita. Não busco suas benesses energéticas, procuro simplesmente o silêncio que ressoa dos meus passos. Investigar seus templos, tocar suas rochas, me perder em seu labirinto é o meio pelo qual eu optei para chegar até mim - para chegar até o centro do meu ser. Se o fim da minha jornada estava escrito entre as ranhuras de seus encaixes perfeitos eu não sei, o que transparece sobre o desenho de meu rosto são as gotas de suor e as lágrimas de emoção. Estou à conquista de um sonho ou à conquista da verdade?
Entre deslumbramento e curiosidade minha busca parecia não se contentar e assim eu caminhava e escalava aquelas escadas infinitas, degraus que pareciam estar sondando o céu e suas divindades. Apesar do cansaço que consumia meu corpo e debilitava minhas pernas um estranho desejo me alçava até o seu último pico, Wayna Pichu. Foi naquele caracol de escadarias que, envolto entre a névoa e o suspense daqueles séculos de segredos, eu pude observar a grandeza daquele monumento. Minha mudez e encanto só seriam interrompidos pela arfagem e pelo pavor da vertigem. Quantos miram a ti todos os dias e menosprezam a sacralidade de sua história? Uma turba de turistas que invade a privacidade dos nomes que ainda ecoam por aquelas ruínas e inundam os vales e cerros daquela parte do universo. Homens e mulheres de todas as idades e idéias que iluminam a banalidade de seus interesses com o flash de suas cameras e que ameaçam o real significado daquelas edificações.
Mesmo receando perturbar a tranquilidade daquele santuário adentrei e me estabeleci no templo do Condor e com calma observava seus rincões até chegar ao centro da sala aonde um relevo de pedra emergia do solo figurando aquela ave símbolo dos Andes. De lá a abertura era para o firmamento, aquela conjugação de tons e astros, abóboda que emoldura o Tawantinsuyu, um império quase tangível à imaginação. A paz e felicidade vertiam do meu peito e compunham um quadro onírico de sensações. Era a satisfação de um sonho, a conformação de mais uma etapa da minha existência: àquele cujas llamas conhecem tão bem. A experiência máxima de um ser humano concedida pela possiibilidade de estar vivo e poder decidir sobre o seu destino.

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