- Faz quantos dias que vc está mastigando isso? Seu problema é sofrer intensamente e ligar pra coisas idiotas, tudo banal.
- Não fazem dias, simplesmente será para a vida toda! Se eu sofro intensamente tenha certeza de que eu também gozo intensamente.
É tão difícil me aceitar assim?
sábado, 25 de abril de 2009
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Tolices
Contarei aqui a história de um garoto tolo, qualidade não reservada somente a ele, mas que em sua pessoa ganhava preeminência. Estamos falando daquelas criaturas desacostumadas ao contato social, exemplar de feitio pusilânime, pouco afeito às massas e de comportamento travado ou reprovado. Ele expressava em seus olhos e cenho o que os desesperados alardeavam. Sentia um profundo desgosto pela vida e seus elementos, suas vestes ostentavam pretensões de dissimulação, em suma, ele não existia e tentava justificar a sua insignificância. Às ruas ele saia por impulsos abjetos e distraídos, não encontrava afeição ou aceitação nas faces anônimas e a relação com as conhecidas só fazia ele ser alguém que não queria. Não sabia se eram obstáculos transponíveis ou apenas tapas de escárnio as pedras em seu caminho, entretanto ele sentava sobre elas e sentia a vida passar, se levantasse os olhos, enxergaria além - disso tinha certeza - apenas mais motivos para se manter imóvel...
Uma dor interna corroia suas entranhas paulatinamente - indiagnosticável - ele escreveu livros, que não leram ou intenderam, sobre este pesar; de natureza frágil, ele não queria nada e por esse nada esperava. A manutenção do silêncio e a omissão eram suas estratégias desde a infância, porém prometia, em vão, mudar; verdade única: queria unicamente que os outros se calassem, apesar da tendência a revelia, apreciava a companhia destas e não negava o calor e alento que estas lhe propiciavam. Manteria, entretanto, sua convicção nas vozes em sua cabeça.
Um dia ele viveu um romance, esta ascendeu como uma estrela no céu, marcou o seu horizonte e lhe fez verdade um monte de mentiras, ele as sorveu com sede e entusiasmo. Não era um sonho, era uma simples indigestão, um doce inverno de dias contados. Moravam em um vale, embrigados pela aragem e pelo verde viçoso, iludidos com o reflexo das águas que pintava um quadro de idílio, comutavam um amor sem fim, lançavam juras e planos aos quatro cantos do quarto. Seus corpos eram telas vivas das sensações que descobriam e suas ações eram limitadas pelo pequeno colchonete que dividiam as noites e as manhãs. As esperanças de infinitude e de crianças povoando a casa se prolongavam horas-horas em diálogos inebriantes e inefáveis. Eram tolices, ambos sabiam, mas fantasiavam mesmo assim, queriam a intensidade que somente as fábulas poderiam portar...
- A primeira vez eu me senti forçado a dizer, mas com o passar dos dias sentia essa ventura, sentia-me em teus beijos e teus abraços e me dava vontade de a cada minuto te dizer, repetir, com absoluta certeza, toda a verdade que eu carregava comigo e eu não te dizia.. Me reprimia, suprimia este impulso - dito irresistível - mas a que tipo de tolice eu me entregava? Não, era como se já soubéssemos, se como a troca de olhares, os reflexos recíprocos em nossas retinas revelassem o que nossas bocas omitiam.
Como acabou ele não se lembra, guarda somente que, como primeiro e último, ele foi único! Perderam contato, se mudaram, trocaram-se os nomes e as indentidades, não mais se reconheceriam, em verdade, nunca se conheceram. Dizem até que um deles morreu prematuramente em um acidente - uma encruzilhada que aparece na vida de qualquer indivíduo e que produz tantos mortos-vivos.
Às máculas passadas se juntaram às presentes e o receio por futuras fez ele não mais refrear os modos. Era uma moeda de duas caras que concelhos ou drogas não poderiam segurar. Leu, reviveu, escreveu. Contam que se matou anos depois - não sabem se por questões maiores ou menores - tirou a própria vida simplesmente, apagou-se da memória alheia e destruiu os vestígios de suas aventuras vindouras. Viveu 40 anos em 20, marca impressionante para quem nunca saiu da cidade natal. "A terapia não adiantou - se matou", transfomaram essa sentença em ditado e nunca mais falaram dele...
Ele havia realmente deixado de existir.
(Qualquer semelhança com a realidade será mera coincidência)
Uma dor interna corroia suas entranhas paulatinamente - indiagnosticável - ele escreveu livros, que não leram ou intenderam, sobre este pesar; de natureza frágil, ele não queria nada e por esse nada esperava. A manutenção do silêncio e a omissão eram suas estratégias desde a infância, porém prometia, em vão, mudar; verdade única: queria unicamente que os outros se calassem, apesar da tendência a revelia, apreciava a companhia destas e não negava o calor e alento que estas lhe propiciavam. Manteria, entretanto, sua convicção nas vozes em sua cabeça.
Um dia ele viveu um romance, esta ascendeu como uma estrela no céu, marcou o seu horizonte e lhe fez verdade um monte de mentiras, ele as sorveu com sede e entusiasmo. Não era um sonho, era uma simples indigestão, um doce inverno de dias contados. Moravam em um vale, embrigados pela aragem e pelo verde viçoso, iludidos com o reflexo das águas que pintava um quadro de idílio, comutavam um amor sem fim, lançavam juras e planos aos quatro cantos do quarto. Seus corpos eram telas vivas das sensações que descobriam e suas ações eram limitadas pelo pequeno colchonete que dividiam as noites e as manhãs. As esperanças de infinitude e de crianças povoando a casa se prolongavam horas-horas em diálogos inebriantes e inefáveis. Eram tolices, ambos sabiam, mas fantasiavam mesmo assim, queriam a intensidade que somente as fábulas poderiam portar...
- A primeira vez eu me senti forçado a dizer, mas com o passar dos dias sentia essa ventura, sentia-me em teus beijos e teus abraços e me dava vontade de a cada minuto te dizer, repetir, com absoluta certeza, toda a verdade que eu carregava comigo e eu não te dizia.. Me reprimia, suprimia este impulso - dito irresistível - mas a que tipo de tolice eu me entregava? Não, era como se já soubéssemos, se como a troca de olhares, os reflexos recíprocos em nossas retinas revelassem o que nossas bocas omitiam.
Como acabou ele não se lembra, guarda somente que, como primeiro e último, ele foi único! Perderam contato, se mudaram, trocaram-se os nomes e as indentidades, não mais se reconheceriam, em verdade, nunca se conheceram. Dizem até que um deles morreu prematuramente em um acidente - uma encruzilhada que aparece na vida de qualquer indivíduo e que produz tantos mortos-vivos.
Às máculas passadas se juntaram às presentes e o receio por futuras fez ele não mais refrear os modos. Era uma moeda de duas caras que concelhos ou drogas não poderiam segurar. Leu, reviveu, escreveu. Contam que se matou anos depois - não sabem se por questões maiores ou menores - tirou a própria vida simplesmente, apagou-se da memória alheia e destruiu os vestígios de suas aventuras vindouras. Viveu 40 anos em 20, marca impressionante para quem nunca saiu da cidade natal. "A terapia não adiantou - se matou", transfomaram essa sentença em ditado e nunca mais falaram dele...
Ele havia realmente deixado de existir.
(Qualquer semelhança com a realidade será mera coincidência)
terça-feira, 21 de abril de 2009
Ode à Loucura e à Ignorância
Sou prisioneiro das minhas idéias, refém dos meus princípios e postulados, sou escravo da ética e da moral. Em vista desta sina, proponho aqui a quebra destes grilhões, não apenas a libertação dos sentidos e da cognição, mas a completa aniquilação da razão. Minhas narinas estão tapadas, meus olhos vedados e há tempos que eu não escuto ninguém.. "nada mais me satisfaz-nada mais me satisfaz.." repeti essa sentença uma centena de vezes e sentia que ela consumia a mim e ao meu tempo. Será isto então, ele já se finda? Quiçá o verdadeiro e derradeiro fim.
Lutando contra as causas da minha perdição manifesto-me em favor da Loucura e da Ignorância, não sei, entretanto, se nessas linhas seria capaz de compor um elogio digno das benesses que estas duas entidades nos provém, logo, em função do meu talento menor tentarei ser sucinto e começarei por traduzir em palavras o que estas duas ninfas me revelaram nos últimos dias. Um olhar panorâmico sobre a vida dos homens mostraria o quão perniciosas são todas as desgraças às quais ele esta sujeito e o conhecimento sobre todas elas resultaria, simplesmente, para o ser que as vê e examina, no desamor à vida. Pois o que seria de nós se a Loucura não suavizasse todas as nossas angústias e nos incutisse um grande apreço pela existência? Assim, como mesmo diz a Loucura: “viver na ignorância e ser louco é ser homem", eu poderia dizer ainda mais: unicamente assim se poderia viver entre os homens.
Não é difícil notar as vatagens de um louco em um mundo fundado sobre as bases do conhecimento Ocidental. Como contestar o óbvio? Oras, a quantos nós ficamos presos; inertes, sem poder se mover ou optar e quantas vezes nos é necessário fechar os olhos. Insegurança. São punhaladas em meu peito a reflexão sobre esses assuntos e a negação deles pode ser uma solução para um espírito desesperado e fragilizado.
A crítica e ofensa feitas a Loucura ignoram por completo a sua imprescindível e imponderável missão, se a qualificamos como indesejável e perigosa é porque desconhecemos suas obras - ou por acaso não seria feito maior promover a união entre criaturas tão opostas e incompativeis como o homem e a mulher. Deste modo ela se faz presente e constante, satisfazendo-se com este culto velado que prestamos a cada dia sem o sabermos ou percebermo. Pois é exatamente desta loucura juvenil e deste entusiasmo o de que preciso; urge a necessidade de abrir meus poros, eivar-me das influências mais insanas e inadvertidas. Retirai-me do estado de meditação e senilidade, eu vos peço! Serei tolo e serei ditoso e da ignorância beberei!
Darei os braços à Loucura e à Ignorância e terei ventura, a elas que governam aos homens também prestarei meus serviços, serei fiél e resoluto. Viverei meu mundo dos sentido e dos prazeres e nunca mais darei vida aos meus pensamentos.
Conformismo? Não, apenas mais uma faceta do meu pessimismo.
Lutando contra as causas da minha perdição manifesto-me em favor da Loucura e da Ignorância, não sei, entretanto, se nessas linhas seria capaz de compor um elogio digno das benesses que estas duas entidades nos provém, logo, em função do meu talento menor tentarei ser sucinto e começarei por traduzir em palavras o que estas duas ninfas me revelaram nos últimos dias. Um olhar panorâmico sobre a vida dos homens mostraria o quão perniciosas são todas as desgraças às quais ele esta sujeito e o conhecimento sobre todas elas resultaria, simplesmente, para o ser que as vê e examina, no desamor à vida. Pois o que seria de nós se a Loucura não suavizasse todas as nossas angústias e nos incutisse um grande apreço pela existência? Assim, como mesmo diz a Loucura: “viver na ignorância e ser louco é ser homem", eu poderia dizer ainda mais: unicamente assim se poderia viver entre os homens.
Não é difícil notar as vatagens de um louco em um mundo fundado sobre as bases do conhecimento Ocidental. Como contestar o óbvio? Oras, a quantos nós ficamos presos; inertes, sem poder se mover ou optar e quantas vezes nos é necessário fechar os olhos. Insegurança. São punhaladas em meu peito a reflexão sobre esses assuntos e a negação deles pode ser uma solução para um espírito desesperado e fragilizado.
A crítica e ofensa feitas a Loucura ignoram por completo a sua imprescindível e imponderável missão, se a qualificamos como indesejável e perigosa é porque desconhecemos suas obras - ou por acaso não seria feito maior promover a união entre criaturas tão opostas e incompativeis como o homem e a mulher. Deste modo ela se faz presente e constante, satisfazendo-se com este culto velado que prestamos a cada dia sem o sabermos ou percebermo. Pois é exatamente desta loucura juvenil e deste entusiasmo o de que preciso; urge a necessidade de abrir meus poros, eivar-me das influências mais insanas e inadvertidas. Retirai-me do estado de meditação e senilidade, eu vos peço! Serei tolo e serei ditoso e da ignorância beberei!
Darei os braços à Loucura e à Ignorância e terei ventura, a elas que governam aos homens também prestarei meus serviços, serei fiél e resoluto. Viverei meu mundo dos sentido e dos prazeres e nunca mais darei vida aos meus pensamentos.
Conformismo? Não, apenas mais uma faceta do meu pessimismo.
domingo, 12 de abril de 2009
sábado, 11 de abril de 2009
Verdade imutável e ininteligível
O que é a verdade? Pergunta repetida ao esmo - a um ermo de respostas - pergunta exaustiva e inconclusiva; eu diria sem uma resposta definitiva ou com muitas repostas, gritos coletivos ávidos por se tornarem válidos. O que eu sei é que o homem não gosta da verdade, alguns empreendem esforços ferozes e irracionais para defendê-la, contudo poucos querem realmente conhecê-la e demonstram sua aversão tão veementemente que entram em choque quando dela é pertimitido que partilhem, vociferando contra um direito que não reivindicaram. Mas não será o destino de toda a humanidade a revelação da verdade quando do final do percurso? Provavelmente não, esta deve ser somente mais uma das mentiras que inventamos, assim como é feito da tal 'verdade'. Logo, não existe uma verdade absoluta, existem sim engodos construidos com o passar das eras e em confluência com os interesses vigentes.
Isso me leva a uma questão mais premente: como o homem lida com a "verdade", o que eu quero dizer, ele simplesmente a aceita? Ou pinta um quadro para que ela apareça açucarada e dourada? Sim. É disso que são construídas as fábulas, as histórias, as alegorias, os sonhos e os futuros, são todos compostos por pedacinhos de verdade que devemos absorver desde a mais tenra idade. Bom, acho que isto não é mais novidade para ninguém, mas um daqueles impulsos irresistíveis quis que eu me pusesse a escrever.. é, sabe, um eterno monólogo ridiculo. Voltando.. Hoje, porém, temos condições de compor nossa própria verdade, com os tons e elevados mais indecorosos e incomuns que conhece-mos. Entretanto, e este é o ponto, não realizamos por nós mesmo o que outros estavam antes dispostos a fazer? Não deixamos nos levar ao doce sabor do vento em nossas lucubrações e devaneios para enfim aportarmos em um porto que nos seja agradável e seguro? E não produzimos, temos de o admitir, lançando mãos dos mesmo artificios, antes recriminados? Pois sim, fazemos parte dessa mesma escória que por força de um instinto subversivo, por alguma tendência a insubordinação aprendemos a nos diferenciar. Em algumas vertentes, encantadoramente, esta vocação a revelia não existe e esta classe, adestradamente, se mistura e se integra a esta mentalidade contemporânea (apesar deste substrato nos remeter até a antiguidade).
Assim, não faço uma crítica a sociedade, faço sim e de novo, a mim mesmo. Sou parte deste dito estrato marginal e contra-cultural, mas isso não é digno de nobreza ou pena, é simplesmente parte dessa história toda de pensar, logo existir. Será que existe algum projeto mental-ilógico que destoe dessa correnteza monótona? Talvez esse regaço desague em algo maior e melhor, talvez estejamos evoluindo e progredindo! Um anseio íntimo queria verdadeiramente crer nesta historieta de folhetim, todavia penso mesmo que estamos chegando ao esgoto, visto que tudo isso já me cheira muito mal.
Isso me leva a uma questão mais premente: como o homem lida com a "verdade", o que eu quero dizer, ele simplesmente a aceita? Ou pinta um quadro para que ela apareça açucarada e dourada? Sim. É disso que são construídas as fábulas, as histórias, as alegorias, os sonhos e os futuros, são todos compostos por pedacinhos de verdade que devemos absorver desde a mais tenra idade. Bom, acho que isto não é mais novidade para ninguém, mas um daqueles impulsos irresistíveis quis que eu me pusesse a escrever.. é, sabe, um eterno monólogo ridiculo. Voltando.. Hoje, porém, temos condições de compor nossa própria verdade, com os tons e elevados mais indecorosos e incomuns que conhece-mos. Entretanto, e este é o ponto, não realizamos por nós mesmo o que outros estavam antes dispostos a fazer? Não deixamos nos levar ao doce sabor do vento em nossas lucubrações e devaneios para enfim aportarmos em um porto que nos seja agradável e seguro? E não produzimos, temos de o admitir, lançando mãos dos mesmo artificios, antes recriminados? Pois sim, fazemos parte dessa mesma escória que por força de um instinto subversivo, por alguma tendência a insubordinação aprendemos a nos diferenciar. Em algumas vertentes, encantadoramente, esta vocação a revelia não existe e esta classe, adestradamente, se mistura e se integra a esta mentalidade contemporânea (apesar deste substrato nos remeter até a antiguidade).
Assim, não faço uma crítica a sociedade, faço sim e de novo, a mim mesmo. Sou parte deste dito estrato marginal e contra-cultural, mas isso não é digno de nobreza ou pena, é simplesmente parte dessa história toda de pensar, logo existir. Será que existe algum projeto mental-ilógico que destoe dessa correnteza monótona? Talvez esse regaço desague em algo maior e melhor, talvez estejamos evoluindo e progredindo! Um anseio íntimo queria verdadeiramente crer nesta historieta de folhetim, todavia penso mesmo que estamos chegando ao esgoto, visto que tudo isso já me cheira muito mal.
terça-feira, 7 de abril de 2009
Lágrimas da Vida
"Se tu souberas que lembrança amarga,
Que pensamentos desflorou meus dias,
Óh! tu não creras meu sorrir leviano
Nem minhas insensatas alegrias!
Quando junto de ti eu sinto às vezes
Em doce enleio desvairar-me o siso,
Nos meus olhos incertos sinto lágrimas...
Mas da lágrimas em troco eu temo um riso!
O meu peito era um templo - ergui nas aras
Tua imagem que a sombra perfumava...
Mas ah! emurcheceste as minhas flores,
Apagaste a ilusão que aviventava!
E por te amar, por teu desdém - perdi-me...
Tresnoitei-me nas orgias macilento,
Brindei blasfemo ao vício e da minha'alma
Tentei me suicidar no esquecimento!
Como um corcel abate-se na sombra
A minha crença agoniza e desespera...
O peito e lira se estalaram juntos,
E morro sem ter tido primavera!
Como o perfume de uma flor aberta
Da manhã entre as nuvens se mistura,
A minh'alma podia em teus amores
Como um anjo de Deus sonhar ventura!
Não peço teu amor... eu quero apenas
A flor que beijas para a ter no seio,
E teus cabelos respirar medroso
E a teus joelhos suspirar d'enleio!
E quando eu durmo, e o coração ainda
Procura na ilusão a tua lembrança,
Anjo da vida passa nos meus sonhos
E meus lábios orvalha de esperança!"
Minhas mãos estendidas te fizeram escapar, por sua prória escolha, vc preferiu voar... Me atordo-a, me debilita essa dor! Meus desejos, meus insípidos anseios em vão por ti esperam,.. do meu peito inflamado, gritos mudos me desesperam. Te busco, te procuro; rogo pelo fim da sua ausência!... não vês o quanto eu sinto a falta da tua presença? Desistir, indiferença e vc não estar lá, como eu posso suportar?! Mude o rumo, abra seus braços, aindas sobras espaço em teu ninho? Teu canto, tuas cores, afastados de mim, são o pior dos dissabores! Aonde estás todo o amor prometido e exaltado, ele simplesmente desflorou em ritos desalmados? Não me negues a ventura de estar a teu lado, pousa e descansa, encontrarás segurança em meu prado.
Às favas com Maiakóvsk, Baudelaire, Drumond e Bandeira, dentre todos, para mim, Álvarez de Azevedo continua sendo o poeta maior!
Que pensamentos desflorou meus dias,
Óh! tu não creras meu sorrir leviano
Nem minhas insensatas alegrias!
Quando junto de ti eu sinto às vezes
Em doce enleio desvairar-me o siso,
Nos meus olhos incertos sinto lágrimas...
Mas da lágrimas em troco eu temo um riso!
O meu peito era um templo - ergui nas aras
Tua imagem que a sombra perfumava...
Mas ah! emurcheceste as minhas flores,
Apagaste a ilusão que aviventava!
E por te amar, por teu desdém - perdi-me...
Tresnoitei-me nas orgias macilento,
Brindei blasfemo ao vício e da minha'alma
Tentei me suicidar no esquecimento!
Como um corcel abate-se na sombra
A minha crença agoniza e desespera...
O peito e lira se estalaram juntos,
E morro sem ter tido primavera!
Como o perfume de uma flor aberta
Da manhã entre as nuvens se mistura,
A minh'alma podia em teus amores
Como um anjo de Deus sonhar ventura!
Não peço teu amor... eu quero apenas
A flor que beijas para a ter no seio,
E teus cabelos respirar medroso
E a teus joelhos suspirar d'enleio!
E quando eu durmo, e o coração ainda
Procura na ilusão a tua lembrança,
Anjo da vida passa nos meus sonhos
E meus lábios orvalha de esperança!"
Minhas mãos estendidas te fizeram escapar, por sua prória escolha, vc preferiu voar... Me atordo-a, me debilita essa dor! Meus desejos, meus insípidos anseios em vão por ti esperam,.. do meu peito inflamado, gritos mudos me desesperam. Te busco, te procuro; rogo pelo fim da sua ausência!... não vês o quanto eu sinto a falta da tua presença? Desistir, indiferença e vc não estar lá, como eu posso suportar?! Mude o rumo, abra seus braços, aindas sobras espaço em teu ninho? Teu canto, tuas cores, afastados de mim, são o pior dos dissabores! Aonde estás todo o amor prometido e exaltado, ele simplesmente desflorou em ritos desalmados? Não me negues a ventura de estar a teu lado, pousa e descansa, encontrarás segurança em meu prado.
Às favas com Maiakóvsk, Baudelaire, Drumond e Bandeira, dentre todos, para mim, Álvarez de Azevedo continua sendo o poeta maior!
sexta-feira, 3 de abril de 2009
Singin' in the Rain
"I'm singin' in the rain
Just singin' in the rain
What a glorious feeling
I'm happy again.
And I'm ready for love."
Experiência íntima e cativante, olhar compenetrado e seguro, repiração estável, o compasso cardíaco nem tanto... Como uma película poderia ter penetrado tão fundo? Minhas retinas simplesmente não se desvencilhavam da tela, volvia os olhos unicamente para enxergar na face dos outros o mesmo cambiar de sentimentos. Era patente no rosto alheio o encanto e a fascinação que transbordavam, o reflexo das luzes refletia uma paixão enleante e pueril. Meus sentidos eram tocados por uma composição de cores, sons e movimentos; meu interior não divisava um fim nessa aura criada e esperançosamente rogava para que ele não expirasse. A relação filme-espectador era estendida em sua última potência, uma viagem de 1h47 minutos de duração tinha um destino certo: o estourar da bolha que me/nos envolvia de magia e atração.
Foi realmente sublime viver aquelas horas de contentamento, puras e imunes de qualquer pertubação terrena, advinda de uma produção cinematográfica que dispensa comentários ou elogios. É o semblante daqueles que a assistem que explicita toda a - comoção e satisfação - necessárias para seu intendimento. Uma obra brilhante de Geni Kelly e Stanley Donen que mais do que interpretarem um "conto de fadas" produzem uma síntese perfeita da dança e da música e em termos mais ousados, do popular e do erudito.
Cantando na Chuva nos transporta para uma revolução cinematográfica, uma tentativa de indetificar no gênero musical a mais intensa fórmula de expressão artística do drama. A pantomima antiga e desterrada, agora é desdobrada em música e dança, revelado na omissão da fala, representa a figuração ideal!
Ah, claro, o clímax ou parte indispensável (pelo menos para mim). O retorno para casa depois do encontro com a amada, uma mistura de alegria juvenil e entusiasmo, uma rua vazia e uma chuva tormentosa - o que tantos já fizeram ou tem vontade de fazer - cantar e dançar na chuva! Não poderia terminar esse texto de maneira melhor e não poderia me furtar de produzir mais esse registro.
Pena a vida não ser assim sempre ou pelo menos se ela desse sempre motivos para tal..
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