sexta-feira, 3 de abril de 2009

Singin' in the Rain



"I'm singin' in the rain
Just singin' in the rain
What a glorious feeling
I'm happy again.
And I'm ready for love.
"

Experiência íntima e cativante, olhar compenetrado e seguro, repiração estável, o compasso cardíaco nem tanto... Como uma película poderia ter penetrado tão fundo? Minhas retinas simplesmente não se desvencilhavam da tela, volvia os olhos unicamente para enxergar na face dos outros o mesmo cambiar de sentimentos. Era patente no rosto alheio o encanto e a fascinação que transbordavam, o reflexo das luzes refletia uma paixão enleante e pueril. Meus sentidos eram tocados por uma composição de cores, sons e movimentos; meu interior não divisava um fim nessa aura criada e esperançosamente rogava para que ele não expirasse. A relação filme-espectador era estendida em sua última potência, uma viagem de 1h47 minutos de duração tinha um destino certo: o estourar da bolha que me/nos envolvia de magia e atração.
Foi realmente sublime viver aquelas horas de contentamento, puras e imunes de qualquer pertubação terrena, advinda de uma produção cinematográfica que dispensa comentários ou elogios. É o semblante daqueles que a assistem que explicita toda a - comoção e satisfação - necessárias para seu intendimento. Uma obra brilhante de Geni Kelly e Stanley Donen que mais do que interpretarem um "conto de fadas" produzem uma síntese perfeita da dança e da música e em termos mais ousados, do popular e do erudito.
Cantando na Chuva nos transporta para uma revolução cinematográfica, uma tentativa de indetificar no gênero musical a mais intensa fórmula de expressão artística do drama. A pantomima antiga e desterrada, agora é desdobrada em música e dança, revelado na omissão da fala, representa a figuração ideal!
Ah, claro, o clímax ou parte indispensável (pelo menos para mim). O retorno para casa depois do encontro com a amada, uma mistura de alegria juvenil e entusiasmo, uma rua vazia e uma chuva tormentosa - o que tantos já fizeram ou tem vontade de fazer - cantar e dançar na chuva! Não poderia terminar esse texto de maneira melhor e não poderia me furtar de produzir mais esse registro.

Pena a vida não ser assim sempre ou pelo menos se ela desse sempre motivos para tal..

2 comentários:

Camila Fink disse...

Respondendo ao seu comentário no meu blog, vim passear por aqui e me deparei com este texto...

Não sei exatamente quais foram os anseios do Genne Kelly com esta teoria que comentou, nunca li nada sobre isso. Aliás, se ainda souber a fonte, repase, por favor! =]

Só sei que concordo com você a respeito do seu comentário lá e aqui, e que o filme é muito agradável! Sem contar que retrata a época da transição do cinema mudo para o falado, até onde eu sei, com bastante precisão. Comprei a edição da Folha de S. paulo, vou ver se no livrinho tem mais informações.

Seu texto enriquece ainda mais a percepção do filme, pois é um comentário subjetivo - e não informativo- e praticamente um retrato literário, com as suas sensações e sentimentos. Gosto de textos assim, dão uma cara extremamente pessoal e transmitem impressões melhor do que qualquer adjetivo singular.

Paredes verde-claras disse...

(faz tempo que não deixo um comentário aqui _e eu queria.
mas minhas leituras, quando posso, são sempre rápidas e não me deixam tempo para compartilhar meu pensamento.

até do meu blog eu esqueci!
abandonei-o nessa mesma falta-de-tempo em meio à dúvida do 'delete', coitado :))