Sou prisioneiro das minhas idéias, refém dos meus princípios e postulados, sou escravo da ética e da moral. Em vista desta sina, proponho aqui a quebra destes grilhões, não apenas a libertação dos sentidos e da cognição, mas a completa aniquilação da razão. Minhas narinas estão tapadas, meus olhos vedados e há tempos que eu não escuto ninguém.. "nada mais me satisfaz-nada mais me satisfaz.." repeti essa sentença uma centena de vezes e sentia que ela consumia a mim e ao meu tempo. Será isto então, ele já se finda? Quiçá o verdadeiro e derradeiro fim.
Lutando contra as causas da minha perdição manifesto-me em favor da Loucura e da Ignorância, não sei, entretanto, se nessas linhas seria capaz de compor um elogio digno das benesses que estas duas entidades nos provém, logo, em função do meu talento menor tentarei ser sucinto e começarei por traduzir em palavras o que estas duas ninfas me revelaram nos últimos dias. Um olhar panorâmico sobre a vida dos homens mostraria o quão perniciosas são todas as desgraças às quais ele esta sujeito e o conhecimento sobre todas elas resultaria, simplesmente, para o ser que as vê e examina, no desamor à vida. Pois o que seria de nós se a Loucura não suavizasse todas as nossas angústias e nos incutisse um grande apreço pela existência? Assim, como mesmo diz a Loucura: “viver na ignorância e ser louco é ser homem", eu poderia dizer ainda mais: unicamente assim se poderia viver entre os homens.
Não é difícil notar as vatagens de um louco em um mundo fundado sobre as bases do conhecimento Ocidental. Como contestar o óbvio? Oras, a quantos nós ficamos presos; inertes, sem poder se mover ou optar e quantas vezes nos é necessário fechar os olhos. Insegurança. São punhaladas em meu peito a reflexão sobre esses assuntos e a negação deles pode ser uma solução para um espírito desesperado e fragilizado.
A crítica e ofensa feitas a Loucura ignoram por completo a sua imprescindível e imponderável missão, se a qualificamos como indesejável e perigosa é porque desconhecemos suas obras - ou por acaso não seria feito maior promover a união entre criaturas tão opostas e incompativeis como o homem e a mulher. Deste modo ela se faz presente e constante, satisfazendo-se com este culto velado que prestamos a cada dia sem o sabermos ou percebermo. Pois é exatamente desta loucura juvenil e deste entusiasmo o de que preciso; urge a necessidade de abrir meus poros, eivar-me das influências mais insanas e inadvertidas. Retirai-me do estado de meditação e senilidade, eu vos peço! Serei tolo e serei ditoso e da ignorância beberei!
Darei os braços à Loucura e à Ignorância e terei ventura, a elas que governam aos homens também prestarei meus serviços, serei fiél e resoluto. Viverei meu mundo dos sentido e dos prazeres e nunca mais darei vida aos meus pensamentos.
Conformismo? Não, apenas mais uma faceta do meu pessimismo.
terça-feira, 21 de abril de 2009
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