sábado, 11 de abril de 2009

Verdade imutável e ininteligível

O que é a verdade? Pergunta repetida ao esmo - a um ermo de respostas - pergunta exaustiva e inconclusiva; eu diria sem uma resposta definitiva ou com muitas repostas, gritos coletivos ávidos por se tornarem válidos. O que eu sei é que o homem não gosta da verdade, alguns empreendem esforços ferozes e irracionais para defendê-la, contudo poucos querem realmente conhecê-la e demonstram sua aversão tão veementemente que entram em choque quando dela é pertimitido que partilhem, vociferando contra um direito que não reivindicaram. Mas não será o destino de toda a humanidade a revelação da verdade quando do final do percurso? Provavelmente não, esta deve ser somente mais uma das mentiras que inventamos, assim como é feito da tal 'verdade'. Logo, não existe uma verdade absoluta, existem sim engodos construidos com o passar das eras e em confluência com os interesses vigentes.
Isso me leva a uma questão mais premente: como o homem lida com a "verdade", o que eu quero dizer, ele simplesmente a aceita? Ou pinta um quadro para que ela apareça açucarada e dourada? Sim. É disso que são construídas as fábulas, as histórias, as alegorias, os sonhos e os futuros, são todos compostos por pedacinhos de verdade que devemos absorver desde a mais tenra idade. Bom, acho que isto não é mais novidade para ninguém, mas um daqueles impulsos irresistíveis quis que eu me pusesse a escrever.. é, sabe, um eterno monólogo ridiculo. Voltando.. Hoje, porém, temos condições de compor nossa própria verdade, com os tons e elevados mais indecorosos e incomuns que conhece-mos. Entretanto, e este é o ponto, não realizamos por nós mesmo o que outros estavam antes dispostos a fazer? Não deixamos nos levar ao doce sabor do vento em nossas lucubrações e devaneios para enfim aportarmos em um porto que nos seja agradável e seguro? E não produzimos, temos de o admitir, lançando mãos dos mesmo artificios, antes recriminados? Pois sim, fazemos parte dessa mesma escória que por força de um instinto subversivo, por alguma tendência a insubordinação aprendemos a nos diferenciar. Em algumas vertentes, encantadoramente, esta vocação a revelia não existe e esta classe, adestradamente, se mistura e se integra a esta mentalidade contemporânea (apesar deste substrato nos remeter até a antiguidade).
Assim, não faço uma crítica a sociedade, faço sim e de novo, a mim mesmo. Sou parte deste dito estrato marginal e contra-cultural, mas isso não é digno de nobreza ou pena, é simplesmente parte dessa história toda de pensar, logo existir. Será que existe algum projeto mental-ilógico que destoe dessa correnteza monótona? Talvez esse regaço desague em algo maior e melhor, talvez estejamos evoluindo e progredindo! Um anseio íntimo queria verdadeiramente crer nesta historieta de folhetim, todavia penso mesmo que estamos chegando ao esgoto, visto que tudo isso já me cheira muito mal.

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