quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Morte aos mortos!

"Miserável país aquele que não tem heróis. Miserável país aquele que precisa de heróis."

"O mundo não acabou, pois que entre as ruínas
outros homens surgem, a face negra de pó e de pólvora,
e o hálito selvagem da liberdade
dilata os seus peitos, Stalingrado,
seus peitos que estalam e caem
enquanto outros, vingadores, se elevam."

Entre nós, os seres humanos, existem heróis que não vemos, que não conhecemos e que quiçá nunca ouviremos falar. Falo claro, destes exemplares destemidos que nascem todos os dias, que de seus pequenos atos - grandes sacrifícios - comovem um público composto de anônimos. São bravos e laboriosos, fizeram mais por nós do que nós por eles e desta feita não nos exigiram nada. Quem algum dia lamuriou a extinção destes heróis, se preocupou em procurar apenas nas manchetes e não se deteve nos fatos reais. Na História pulsante e viva que renega ao esquecimento nomes não registrados ou deificados; um redomonhio que engole e corrompe o verdadeiro processo histórico - àquele ao qual os homens não tem posse do controle, porém são donos do manche e navegam ao bel-prazer de aspirações e lucubrações. Por conseguinte, o que seria dos grandes momentos da nossa História se essa turba de aventureiros não tivesse agido? Empunhando paus e pedras, vontade e coragem, eles derrubaram a Bastilha, frearam as tropas nazistas, sobreviveram a catástrofe das explosões nucleares de 45, empreenderam três derrotas exaustivas a República sob a aragem das preces de um Concelheiro, libertaram Hanói, tantas exemplos mais que meu âmago só faz embargar..
Vivemos em um mundo de heróis e heroínas e desconhecemos a cada um deles e protestamos à sua ausência, contraditório, não? Estamos contaminados pela concepção ideal de heróis; fomos levados a crer que estes ídolos são criaturas imortais e intangíveis, semi-deuses que tem a capacidade de alterar o curso do tempo e o destino dos homens e tão pervertido que estamos por essa visão, não podemos mais abrir aos olhos ou logo estaremos cegos para a vida e suas vicissitudes pois, descansam exatamente nos detalhes a perfeição e especificidade deste quadro.
Condeno estão, àqueles que reclamam ao passado a verdadeira identidade da humanidade; execro àqueles que ressucitam os mortos para espantar seus fantasmas e finalmente excomungo a todos que negarem a seus 'eus', aquela face ímpar e etérea, que tem a capacidade de transformar visto que, é desta centelha que se propagará a chama do resnacimento humano.
Assim, nestas palavras, neste manifesto-depoimento congrego aos homens a assassinarem aos mortos! Estes que não mais estão entre nós e que não mais contribuem em nada para com nossa existência e convívio. O tempo consumiu a vossa carne, precisamos agora nos valer da mesma entidade para acondicionar a vcs que ainda teimam em desfrutar do nosso âmbito. Privamo-nos nosso espaço a quem não mais pertence a ele e deixemos que o mesmo tempo nos apresente os heróis, incógnitos na multidão, senhores de poucas palavras e muita humildade, pedestais da compaixão e da moral, cultivadores do altruísmo e da solidariedade.

Miserável país aquele que desconhece aos seus vivos heróis.

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