"Miserável país aquele que não tem heróis. Miserável país aquele que precisa de heróis."
"O mundo não acabou, pois que entre as ruínas
outros homens surgem, a face negra de pó e de pólvora,
e o hálito selvagem da liberdade
dilata os seus peitos, Stalingrado,
seus peitos que estalam e caem
enquanto outros, vingadores, se elevam."
Entre nós, os seres humanos, existem heróis que não vemos, que não conhecemos e que quiçá nunca ouviremos falar. Falo claro, destes exemplares destemidos que nascem todos os dias, que de seus pequenos atos - grandes sacrifícios - comovem um público composto de anônimos. São bravos e laboriosos, fizeram mais por nós do que nós por eles e desta feita não nos exigiram nada. Quem algum dia lamuriou a extinção destes heróis, se preocupou em procurar apenas nas manchetes e não se deteve nos fatos reais. Na História pulsante e viva que renega ao esquecimento nomes não registrados ou deificados; um redomonhio que engole e corrompe o verdadeiro processo histórico - àquele ao qual os homens não tem posse do controle, porém são donos do manche e navegam ao bel-prazer de aspirações e lucubrações. Por conseguinte, o que seria dos grandes momentos da nossa História se essa turba de aventureiros não tivesse agido? Empunhando paus e pedras, vontade e coragem, eles derrubaram a Bastilha, frearam as tropas nazistas, sobreviveram a catástrofe das explosões nucleares de 45, empreenderam três derrotas exaustivas a República sob a aragem das preces de um Concelheiro, libertaram Hanói, tantas exemplos mais que meu âmago só faz embargar..
Vivemos em um mundo de heróis e heroínas e desconhecemos a cada um deles e protestamos à sua ausência, contraditório, não? Estamos contaminados pela concepção ideal de heróis; fomos levados a crer que estes ídolos são criaturas imortais e intangíveis, semi-deuses que tem a capacidade de alterar o curso do tempo e o destino dos homens e tão pervertido que estamos por essa visão, não podemos mais abrir aos olhos ou logo estaremos cegos para a vida e suas vicissitudes pois, descansam exatamente nos detalhes a perfeição e especificidade deste quadro.
Condeno estão, àqueles que reclamam ao passado a verdadeira identidade da humanidade; execro àqueles que ressucitam os mortos para espantar seus fantasmas e finalmente excomungo a todos que negarem a seus 'eus', aquela face ímpar e etérea, que tem a capacidade de transformar visto que, é desta centelha que se propagará a chama do resnacimento humano.
Assim, nestas palavras, neste manifesto-depoimento congrego aos homens a assassinarem aos mortos! Estes que não mais estão entre nós e que não mais contribuem em nada para com nossa existência e convívio. O tempo consumiu a vossa carne, precisamos agora nos valer da mesma entidade para acondicionar a vcs que ainda teimam em desfrutar do nosso âmbito. Privamo-nos nosso espaço a quem não mais pertence a ele e deixemos que o mesmo tempo nos apresente os heróis, incógnitos na multidão, senhores de poucas palavras e muita humildade, pedestais da compaixão e da moral, cultivadores do altruísmo e da solidariedade.
Miserável país aquele que desconhece aos seus vivos heróis.
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
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