O que estamos esperando? Cada um de nós, a partir do instante em que a escuridão e a segurança do útero nos é retirada, põem-se numa tediosa e infindável espera. Mas a espera de quê? Questão de difícil trato, quiçá de insondável resposta, mas de um desconforto na língua que a torna premente por resolução. "Estamos esperando o..." e de tanto prorrogar o fim de nossa busca começamos a colocar em dúvida a sua finalidade. "Ele vai vir hoje? Não, mas amanhã concerteza." E a angustiante espera nos faz não sair do lugar, porque não adianta o quanto nos movamos, nos afastamos ou mudamos, estaremos sempre a mercê deste compromisso. Inadiável, inapelável, inevitável ou antes, mera fantasia de alguns vagabundos que vieram antes de nós... "Devíamos ir embora, então. A gente não pode. Por quê? Estamos esperando..."
À alternativa que podemos lançar mão dependerá a nossa salvação ou punição. E quem é que escolheria morrer condenado? Por um acaso a imundície deste mundo de merda pode agradar alguém. Talvez aos que continuram loucos após o parto pertença uma realidade menos dolorida e duradoura. De fato, o tempo passaria igual tanto a uns como aos outros e todos nós estaríamos, de uma forma ou de outra, submetido a esta espera. "A não ser que nos enforcassêmos aqui nesta árvore. Não podemos. Por quê? Estamos esperando. Esperando quem? O Godot. É mesmo!"
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
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