"A Revolução é feita com sangue!", dita estas palavras, seus olhos brilhavam de uma cor parecida com a da vingança. Rutilância obscura e atraente, envolvia a todos em um discurso de transformação e beneficiência. Uma multidão de esfaimados o ouvia na praça central - refletia-se, em contrapartida, em suas retinas não apenas a imagem de um colosso impávido com microfone na mão - mas também a voz da expectativa. Para muitos, não a primeira e nem a última, mas a única chance trazida por um guia de frases impactantes e de carisma perigoso. A direção do movimento estava apontada, bastava segui-la com sacríficio e coragem em punhos, sentimentos em falta onde muitos estavam guarnecidos apenas de pedras e foices.
As fileiras de esperanças avançavam, contra a incerteza e o pessismos, eles catavam em coro: "juntemos todos na luta final", avivando o espírito com tão belos votos, espalhavam ao vento os desígnios de uma nova era e ao mesmo tempo espantavam o frio de suas juntas. Não era possível não se orgulhar dos fihos e maridos que compunham aqueles rostos, todos tinham em seu corações e mentes apenas um ideal - a segurança de uma família, de um país. "Estamos aqui para quê? Para a rendenção!" A liga que estabelecia aquela conciência de condição tinha muito desta convicção. E a quem miravam quando estas máxiams lhe assomavam à mente? Para o lider da Revolução, que lhes emprestava a razão e tomava de volta seus corpos.
Horas depois, quando a poeira assentava e os tiros não mais eram disparados, múrmurios de dor e embuste podiam ainda ser escutados no campo de extermínio. Ruína, ruína, ruína! Para onde era lançada a vista, o vermelho da neve tingida embaçava-a. A nova ordem tinha gosto acre e apenas excitava o ódio de seus sobreviventes, a vigança seria dirigida a quem? Aos guardas do déspota ou ao líder infiel? Mas onde estava o último? Não mais se podia vê-lo pois, estava sob aquela cetena de corpos mutilados, teria sido ele, o primeiro contaminado com a loucura de seus irmãos...
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
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