quarta-feira, 24 de junho de 2009
Arquitetura Vegetal
Um rebento - ela nasce, surge e revela-se em recinto. Faço aqui nova reverência ao potencial desta entidade, filha da natureza, força onipotente da terra; não devemos teme-la e sim aclama-la. Reveste-se de exuberância e faustosidade, cobre nossos olhos e finca suas raízes no seu espaço, em ambientes hostis rompe a improbidade do concreto e dá vivacidade às cores das ruas! Sim, devemos esta dignidade, seu caráter subeversivo ainda pode ensinar muito a humanidade, não falo apenas de sobrevivência e meto-me também em questões de moralidade. É o que chamo à sua natureza insubmissa, sua destreza no combate, ao renascer das cinzas com maior liberdade; sua não sujeição às demandas congênitas e imperiosas e sim a sublevação contra os empecilhos desnaturados. De fato, ela não nega suas necessidades, seja a luz ou a sede, ela ultrapassa seus limites, impõe suas escolhas, e apresenta o remate.
Como manifestar tamanha admiração? Os homens já tentaram: entregaram-se em pinturas com palavras ou pincéis e ovacionaram seus encantos e mistérios, porém nunca alcançaram a simplicidade do florecimento de um botão na primaveram e deve-se admitir nunca serão capazes de representar em telas ou flashs a composição matinal dos mais variados tons de verde que a insolência de um gérmen fez brotar sobre o pó. Oh, como saudá-la sem petulância ou desonestidade? Eu perguntaria a ela.. A resposta sibilaria nos ventos: deita-te em meu reçago, seria sua réplica com toda a justeza.
Mas o que me traz de novo a altivez destes traços refere-se muito mais do que a sua beleza, reflete-se na espontâneadade de suas linhas, na irreverência de suas curvas, na revolta de seus caminhos! Pois o que os homens não aprenderam na sua ânsia por sobrepujar a mãe terra foi a capacidade de assimilar a portentosidade das flores e dos seus amores, os galhos, a sinuosidade de seus filhos os troncos, servidores das folhas, alimento dos seres. Pois se uma árvores tem de obter seu sustento ela o fará não de maneira milagrosa, mas geniosa. Seja nos cantos mais recônditos do recinto ela fomentará meios de atingi-lo, não de maneira reservada ou ingênua, mas sim de forma prodigiosa e mordaz. Pois assim é a arquitetura das plantas: avançam sobre as intempérias e os infortúnios e saem-se vitoriosas nas cadeias de incongruências naturais as quais não temos força para negar ou entender.
Será possivel macaquear tal planejamento, aptidão para a adaptação e engenhosidade? Abro minha janela e enxergo o maior exemplo desta idealização: projentado-se sobre a terra e os muros que me rodeiam estão os galhos desta essência, avolumando-se sob meu olhos, ou melhor, sobre o teto sob nossas cabeças! Ela ocupou o ambiente, amparando-se sobre cimento, um tronco mirrado explode em todas as direções - não importa para que lado volva às vistas - ela se engrandesse e povoa os céus e as lacunas que lhe cabem, ela é grande e se faz evidente. As edificações, por mais cal e areia que consumem, por mais que pelas alturas se elevam não podem sobrepor às eloquencia destes ramos, visto que em seu conjunto, vasto e amplo, ela mantém a sobriedade.
Ergam colunas, cresçam muralhas, construam calçadas, espalhem pedra sobre pedra, pois o tempo mostrará, o verde tomará as ruas, tomará os céus, tomará a cidade!
À Revolução da Plantas, à Arquitetura Natural da flora!
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