sexta-feira, 26 de junho de 2009

Hymne A L'Amour

"Se o azul do céu escurecer
E a alegria na terra fenecer
Não importa, querido
Viverei do nosso amor

Se tu és o sonho dos dias meus
Se os meus beijos sempre foram teus
Não importa, querido
O amargor das dores desta vida

Um punhado de estrelas no infinito irei buscar
E a teus pés esparramar
Não importa os amigos, risos, crenças de castigos
Quero apenas te adorar

Se o destino então nos separar
Se a distante a morte te encontrar
Não importa, querido
Porque morrerei também

Um punhado de estrelas no infinito irei buscar
E a teus pés esparramar
Não importa os amigos, risos, crenças de castigos
Quero apenas te adorar

Quando enfim a vida terminar
E dos sonhos nada mais restar
Num milagre supremo
Deus fará no céu eu te encontrar"

Aqui do alto posso divisar: ela entre cores brancas e tons pastéis que imiscuiam sua alva pele à palidez daquelas paredes, as cores claras aqui não convidam à celebração ou ao prazer; guardam sim, testemunhos de amargura e sofridão. Ela, sozinha, do meu lado, a quem por tantos anos se amparou, recosta mais uma vez sua face em meu peito ainda quente, olhos vermelhos banhados de tristeza, pesares que conduzidos à tona pelo marulho de sentimentos e lembranças inundaram o quarto de luto. A dedicação a mim, consagrada por tantas vezes e nos momentos mais intensos que cruzaram sua vida a minha, agora era estendida também ao leito. Ela jurou e agora cumpria penitência por mim que rompera com a promessa de que juntos feneceriamos até a eternidade - como duas rosas plantadas no mesmo vaso que sorveram das mesmas esperanças, regadas na aurora de cada novo dia. Sonhos compartilhados desde a juventude, estariam adiados e deles - das palavras minhas que deixei escritas, do livro inacabado na escrivaninha, dos risos e conselhos - ela tomará matéria para lhe sustentar nos anos que sobrarão de solidão.
Toda esta devoção - dos braços esparramados sobre meu torso, das flores que acabavam de terem sido colhidas na mesa ao lado, daquela madona enrugada de tanto chorar - fariam do mundo um logradouro de melancolia e penúria se ele volve-se suas vistas para este quadro, para esta soturna despedida. Unidos em torno da vida, em torno de um voto, em torno dos fogos que jubilaram nosso último ano como cúmplices do crime que aparenta ser, a abnegação de um ser humano ao outro.
Daqui ela não pode enxergar a comoção que toma meus sentidos, da dor em que está mergulhada minha aura, daqui tudo que posso fazer é esperar para o reencontro e pelo instante em que eu então poderei pedir perdão.

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