Quem nos disse que a terra daria tudo que pedissemos esqueceu de perguntar ao céu as condições que ele colocava; prometeu aos homens que um novo império seria erguido às custas da natureza domesticada e convenceu as árvores de que elas não seriam prejudicadas; sufocou a terra com pedra e mármore para sustentar a civilização que aflorava, esta,- independente da vida - cortou o cordão umbilical de sua mãe e declarou-se onipontente, onisciente e desta forma, lançou-se em busca da onipresença. Estaremos nos quatro cantos do planeta, bradava a voz que conquistaria os selvagens e daria a nova ordem. Prefácio da ruína que condenaria os homens à adverdidade.
As idéias, não sendo mais de uma base orgânica, prometiam uma relação mais intensa com o ambiente e por isso superficial, seria o contrato artificial que regiria a pós-modernidade. O advento que uniria os homens contra seus pares, contra seus pais, promoveria o ideal da autonomotividade. Logo, não teríamos mais o que aprender com nossas origens, seríamos lobotomizados pelo bem da humanidade, um fim que nos relacionaria intimamente com o produto da nossa inventividade: a máquina. Não falo de substituição, meu temor maior é assimilação! Perdemos nossas raízes a partir do momento que nos afastamos da terra que afagava nossos pés, nos entregamos ao concreto como aquele que se lança ao pecado de sua amante. Pois não foram as árvores e os minerais que nos proveram das necessidades de nossos primeiros anos de existência? Nos gestaram a partir do pó e da lama, nos amamentaram com seiva e água, nos protegeram da ganância e da dor para que sentissemos a liberdade de seu seio e a fartura de seu leito; com o que retribuímos tamanha generosidade?
A geração cimento agora deita às ruas de asfalto os doces versos ninados pelo vento, para lançar impropérios contra os tempos! Descontentes com o presente, não sabem mais retornar à essência da maternidade... Ignorando as súplicas das árvores órfãs da cidade, mantém-se alheios a sua própria e inata vontade, seremos cegos até quando para ignorar essa verdade? Somos a imagem e semelhança das flores - filhos rebeldes - que se negam a retornar a primal casa das primeiras leis e das primeiras autoridades.
Obedeçam às pedras, então!
Rolem em avalanche.
sábado, 17 de outubro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário