Uma pena adejante sobre o ar, um pincel e um leve tracejar infinito e efêmero - aonde um beijo raso pode nos levar? É a deriva destas linhas e pontos que eu espero o que esta pintura me trará, serei tragado por essas cores púrpuras ou apenas iluminado com o reflexo de suas luzes? Às vezes posso enxergar bem longe - mesmo quando não necessário - alço a vista para o horizonte e me hipnotizo por alguns segundos nestes diáfanos tons, quando simplesmente precisaria pôr os olhos aonde as minhas raízes estão fincadas... minhas folhas e pétalas viajaram à grandes distâncias, levadas pela aragem do meu pensamento elas puderam conhecer outras paragens, mas como filhas deste solo sempre souberam retornar. Fecho meus olhos por um instante - envolvido por esta inebriante brisa - aonde estarei quando voltar a abri-los? O tempo aqui não existe e, é sempre noite e é sempre dia, eu só preciso desejar que o desenho corporificado por este traçado me concederá. Se tudo isto é um sonho, então me digas, por que não consigo acordar?
Já me contaram muitas mentiras e em todas creditei minha confiança, porque sabia desesperadamente que flutuar no ar não me levaria a nenhum lugar. Pois aqui estou, no alto deste belveder, com os braços estendidos querendo voar. Não sei mais se é a terra que me protege ou o vento que me engradesse, tenho apenas a certeza de que voltarei a te encontrar; vc ainda não me conhece, é verdade... talvez se quer exista, afinal este é um sonho ou a minha relidade. Estes galhos que pendem sobre o ar não pretendem te dizer adeus, unicamente são meus artifícios para te fazer regressar, são como os outros que penetram sob o campo e estabelecem vínculos com todos os lugares, porque todos estes são partes integregantes e importantes de mim, é o que esta narrativa confidencia. O que eu sou no alto desta serrania com uma pena na mão e com tanta sede na garganta? São perguntas que sompram e anuviam as minhas retinas...
Mas, e esta melodia que ouço desde o instante que fechei os olhos, de que me serve? São os pássaros que estão cantado, o riacho que está correndo ou somente as crianças brincando? Não, é uma sinfonia e eu estou aprendendo a ouvir e decifrar, este deverá ser meu triunfo no meu lar, meu guia que apita e zumbi no ar-ar-ar.
Ah, como é bom te escutar...
sábado, 10 de outubro de 2009
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