domingo, 8 de novembro de 2009

Contato


Mirei meus olhos a vida inteira para o céu, na verdade todo o meu campo de visão está agora tomado por essa imensidão de tonalidades azuis e anis, pois abro minhas janelas não para prestigiá-la com as minha confidências, mas para receber esta experiência ímpar com profunda admiração e submissão. Minha insignificância perante tamanha infinitude é quase enobrecedora, sinto-me satisfeito sob seu acalento - seu véu de escuridão me cobre e seu silêncio embala os meus sonhos... Materialmente não, mas de alguma forma transcendental, estive a ponto de poder conceber a perfeição, a obra divina esteve quase ao alcance das minhas mãos. Tamanho deslumbramente padecerá apenas como ilusão, quando eu deixar aqui registrado a origem da transmição de tal revelção, sim, uma película cinematográfica.
É a reação humana ou a concepção natural do universo que somente um poeta poderia descrever que me impressionaram? Não sei, mas concerteza teria mais adjetivos para compor este quadro sensacional se o transe em mim provocado não tivesse durado somente alguns minutos. Minha comoção não reside apenas na representação de uma vida dedicada a uma meta ou da grandiosidade do cosmos eloquente. A questão aqui colocada não será o da existência ou não de vida extraterrena inteligente, visto que, para mim, o grande problema que assola a humanidade é o da solidão intraterrena. Neste mundo aonde somos motivados a visualizar o oco de nossas vidas e obrigados a olhar além do universo para descobrir que não estamos sozinhos, necessitaríamos além dos nossos pares de carne para nos entreter? Não foram somente as lágrimas do rosto da Dr. Eleonor que escorreram frente a um coletivo de incrédulos que tinham exigido antes o que eles nunca tiveram: fé. "Somos criaturas tão insignificantes e descrentes, mas também tão preciosas e compadecidas, acreditamos que estamos só, mas não estamos."
Ah, minhas retinas viraram espelhos durante alguns minutos enquanto refletiam nebulosas, galáxias, estrelas e cometas e me faziam perceber o quão reles era a minha presença no universo, mas a tamanha diferença que ela poderia ter enquanto durasse a minha existência na Terra.

Fé? Pois é exatamente assim, em passagens que a minha vida redige, que eu gostaria ou seria capaz de desvelar a minha crença ingênua na humanidade.

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