sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Crisálida social
Já troquei de pele tantas vezes que não posso mais me lembrar do meu estado original, essa evolução lenta, mundaça paulatina de gênio e perspectiva faz parte do processo natural de desenvolvimento a que cada um de nós estamos submetidos. Como um grande percurso a qual nos é dado seguir desde o estágio larval, como se o grande esforço de romper a casca do nosso útero não tivesse sido suficientemente exasperante, assim nos colocamos à vista dos perigos que a natureza pode oferecer e das armadilhas que despertam nossa atração. Este prodigioso amadurecimento me faz pensar não apenas nos percalços que uma existência de poucos meses pode conter, mas antes me faz aspirar a todas estas outras cores e essências das quais a noite, quando relaxado em meu abrigo de folhas e pedras, me permite contemplar. Neste asilo de covardia e instinto não são somente os sonhos que me pertubam, mas as vontades também não me deixam repousar!
Um universo de sons e sensações - mergulhado nesse caldeirão de viço, não consigo me contentar apenas com este progressivo crescimento regrado; a vida que pungi destas flores e frutos me eleva acima destes condicionamentos limitantes, me estimula a anseios estranhos e comoventes. Deveria então, reservar a mim esta aventura de descobertas e desafiar o paradigma natural da evolução? Estou brincando com vcs e comigo, pois meus sentidos se dirigem a estas mesmas interrogações.. Não é tão simples assim desenlear a mentalidade que assume um membro da ordem dos lepidopteros e compará-lo aos estímulos que convulcionam o meu âmago provavelmente não me auxiliariam em nada. Claro, da mesmo forma, não foi este o objetivo inicial que guiou estas primeiras linhas. A analogia expressada aqui, antes, refere-se à edificação que estou erguendo ao meu redor, como uma soberba crisálida, preparo-me para me resguardar dentro deste invólucro vulgar! Nomeadamente um banker social, este casulo preencherá meus próximos 40 dias com a parcimoniosa tarefa de tecer o túmulo dos meus receios. A mesquinha arte de fugir dos meus medos será transposta aqui nesta fábula como a punitivo encarceramento de seda, folhas e ramos. Entreato de uma encenação que já perdeu todo o público da véspera. O que eu espero encontrar? Devo acreditar que me metamorfosiarei em uma entidade mais benigna e austera como uma borboleta? Estarei sendo justo ao fundar este reino de solidão e amargura? Não importa, porque a obras já estão iniciadas..
Eu realmente só posso ser comparado a um verme, criatura rastejante e pedinte que habita os recônditos mais sobrios e úmidos. Já que lanço mão apenas da pena, poderia registrar primeiro uma metáfora menos entediante e desaforturnada, algo mais íntegro e nobre, quiçá uma muralha de guerreiros destemidos e obstinados?! Porém, me perderia em infidelidade pois, o presente que minha mãe me deste foi uma pulpa e não um romance quixotesco.
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