quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Dor de estômago

Ela começa com um pressentimento inocente e ingênuo, um peso que percorre meus tubos gástricos e convulciona todo o meu sistema. Da onde vem tanta incoerência? Puro e simples desejo de ser incoveniente? Não atento para os motivos reais dessa indigestão, acredito apenas, que seja do avanço da putrefação a origem de tão pestilento odor. Queria realmente me livrar desse incomodo, este desgosto que eu sinto todas as manhãs. Talvez eu exagere quanto a intensidade ou a frequência, na verdade elas variam bastante, porém todas tem o pico máximo no meu útero. Médicos (psicólogos gástrointestinais) não adiantam - já me bastassem as almas caridosas que após a despedida troçam pelas minhas costas - estou um tanto quanto farto disso, sabe? Essa ansiedade e impaciência que culminam com um péssimo dia ou com mais uma chance disperdiçada. Às vezes, é a própria pertubação momentânea das funções digestivas que me fazem recuar, uma desvantagem em tanto, eu diria; minha dignidade deveria ser poupada então, com a desistência? Talvez um atestado médico compense tamanha vergonha... eu não sei.
Ah, essas crises estomacais, antes elas se resumissem somente a náuseas e tonturas, mas não, vem acompanhadas com aquele rancor acre e desesperado - a ponta da língua deixa seu encargo degustativo de lado e passa a simples trampolim para toda a minha alma! Soam os alarme, todas as unidades imunitivas se põe em alerta, preparam-se para aquela tediosa batalha cotidiana contra o pessimismo e a vontade de morrer. Acho que o real desgate da minha psíco venha desta rotina intestinal desgraçada; antes fosse somente a minha estrutura física a avariada, mas não, temo por todo os meus eu's vacilantes e embriagados. E apesar de tudo isso tento manter as aparências - cumprir castamente aquele contrato social, do qual eu nada assinei, todos os dias. "Os olhos mentem dia e noite a dor da gente". Com tudo isso não seria nenhuma estranhesa se eu lançasse qualquer impropério ao menor sinal de contato, respostas aos "tudo bem's?" viriam do fundo do âmago... peço desculpas se não dei qualquer prévio aviso, se não levantei a bandeira de quarentena na sala do meu quarto. Vc me perdoaria por tanta miséria?
Conclusão? Esse descontrole entérico não tem fim, somente com o perecimento do meu organismo toda esta bile maldita e envenenada será finalmente expelida! Quiçá uma operação reanime meu entusiasmo e me tire deste estado catatônico? Não, todas as regras deste tabuleiro se comprometeram, desde cedo, em não dar espaço para a esperança jogar. Afinal, eu nunca fui mesmo daqueles que acreditassem em milagres.

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