Te descreveria com mil detalhes sinestésicos aquelas colinas de claras pradarias que brindavam com aquele céu azul um verde molhado de paladar quase suave. A sensação de cruzar aqueles mares de morros pouco tem a ver com olhá-los desde a janela de automóveis. Mesmo as águas turvas daquele rio, resultado de uma coloração ferrosa, era boas de beber. Te contaria também sobre o baile de andorinhas que nos envolvia como envolvem nuvens, mergulhando e rodopiando aos milhares ao nosso redor, pareciam nos convidar se não estivessem nos hostilizando. Era tantas flores e flores tão formosas, tão atraentes como os pés de roseira que D. Benta cultivava em seu quintal e que as encontrei surpreso depois do amanhecer. Lhe daria com palavras as coisas que vi se meu desejo de que as tivesse contemplado comigo não fosse maior. Talvez em sua companhia as dores físicas não pesassem tanto sobre as minhas costas em momento de contemplar o céu. Então, sinto que vencer a realidade tátil daqueles horizontes com minha retórica pueril seja menos um elogio do que a certeza de detração. Por isso, quero guardá-las comigo como o são e não traduzi-las como as senti.
Além do que, tudo nessa charla são floreios para o que mais importa, não é?
O que importa é livro que escreveria com todas as sensações que tu me fizeste sentir, um livro cuja leitura venceria as noites. Não um romance cavalariço ou um conto daqueles de ninar espíritos inocentes, mas antes, um tomo pleno de sensações táteis, odores característicos e prazeres sexuais. Linhas que desafiariam a madrugada não como nossas conversas infindáveis, mas sim, prenhe de experiências, daquelas que me fizeram sentir-se vivo mais do que eu nem me lembro mais.. Pões um ponto final no livro e eu o queimo com ânsia suicida.
sábado, 4 de janeiro de 2014
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