domingo, 5 de janeiro de 2014

Miro-me no seu limite

Teu corpo como presságio de dores e prazeres, curvas sinuosas que atraem meus olhares para onde se deslocam. Todos os caminhos de sua casa desaguam às praias de seu quarto, ouço seus passos desde os corredores contíguos. Te miro, enquanto ajeita os detalhes mais superficiais de sua maquiagem matutina diante do espelho em movimentos curvilíneos. Lhe como com detalhes, dos pés delicados, avolumando-se por suas coxas até chegarem ao seu bumbum, minha tentação maior. Ancas das quais ainda me quedam memórias táteis que me conduzem pelos meandros seguintes de seu corpo. Monumento de luxúria sobre o qual dedico meus movimentos mais impetuosos e minha retórica mais ardil. Desenho por sobre suas zonas erógenas, seguro seus seio de carne branda enquanto uma sinfonia de deleite preenche os cantos não ocupados do ambiente.
Todas as quatro paredes de seu cômodo pessoal são as vestimentas que nos protegem da desgraça alheia, ali sou convidado de sua intimidade, perdido entre segredos a que pouco tiveram acesso. Sobre uma penumbra fina nossas vozes arfantes ainda comentam a meia hora passada sob risos e elogios. Tantas palavras e tantas escusas dedicadas a merecerem seu trato, vertidas sobre as linhas de seu ventre que me deixam como horizonte seu rosto pedante. Tenho ao fim seu corpo exaurido ao meu lado, aquele sobre o qual continuo desenhando com meus dedos para arrancar-lhe melodias fantasiosas.

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