Não desviar mais das poças de água e mergulha-las como outrora o fazia, consequentemente tomar banho de chuva mais vezes e deliberadamente. Sorrir depois de retirar os trajes empapados em água de chuva ácida e falar dos rodopios e saltos como uma das mais nobres artes. Afugentar de ti os receios mais maduros e hipocondríacos que sua infância ignorava. Tomar sorvete mais vezes e declarar odes à sensação gélida que aos poucos toma suas papilas gustativas e em razão de experiências banais como esta, declamar mais poesia, dar ares ao verbo, aquela das suas faculdades mais encantadoras. Coletar e pedir por mais pedras, juntá-las aos montes como gemas preciosas das memórias suas e alheias. Olhar e observar mais fotos, admirar-se e comover-se com o mesmo tom das lentes que suas retinas dão a ter. Caminhar mais e preocupar-se menos com as solas de seus tênis, dá-las ao asfalto o agradecimento que tu acumulaste com seus passos e em direção ao horizonte, mirar menos a terra e mais o céu para onde aqueles gigantescos mobiles despontam com formas maravilhosas e efêmeras. Buscar mais oportunidades para dormir ao relento e concretizá-las quando estas aparecem, não somente para contar estrelas ou perscrutar os ruídos da noite, mas também para amar aquela que te amou primeiro, a natureza. Quiçá a janela aberta já lhe baste.
Escrevo para mim, mas também para o outro que o lerá ao fim do ano, uma criatura diferente, mais calejada e menos satisfeita que ousou algum dia ser poeta para elogiar os doces desgostos da vida.
quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário