sábado, 4 de janeiro de 2014
Ode ao cajado
Pedaço de pau encontrado sob as sombras de árvores, rés do chão de folhas secas e futura matéria prima de copas gigantescas. Desde lá, elas podem mirar o céu e por isso, pouco irão se preocupar com arbustos menores. Apenas seres diminutos como humanos dariam atenção a gravetos roliços, ou pior, escreveriam odes em sua homenagem. Pois sim, matéria madeira que suportou meu corpo e o conduzio por sobre as pedras, mesmo contundido, suportei a dor da caminhada por sobre o meu cajado. Aquele que como de sorte meu olhos pousaram em momento de descanso e exaustão, foste tu a me socorrer nas horas de passo mais complicado quando até mesmo meus companheiros me abandonavam. Resistiu por sobre solos arenosos, lapidosos e com impulso me colocou por sobre a margem de riachos. Meu terceiro apoio e no qual eu mais confiei, obra da natureza e da fortuna de joelhos doloridos, que a mãe terra faça dele tantos outros para caminhantes tão cansados como eu estive. Renunciei-o sim, largo por sobre a terra não como desprezo pela graça alcançada, mas antes como respeito por seu local de origem. Minha gratidão lhe queda como as digitais efêmeras que lhe imprimi por sobre a casca. Que este seja a sorte de terceiros, da vida, arrancada quando o cortaram, resta um pouco em mim em memória e em sacrifício ofertado com ele.
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