sábado, 27 de novembro de 2010

Oi, ainda lembra de mim?

Por que me é tão dificultoso lembrar de vc hoje? Não é a dor que tolhe a minha memória, é antes a perda da base em que se sustentava todas essas recordações. Não te reconheço mais em suas falas e ações, as vezes penso que até mesmo a cor de seus olhos possa ter se alterado. Aqueles quadros de retina castanha escura aos quais sempre me foi possível mirar sem desviar o olhar. As pessoas mudam, eu sei, imagino então, que a efemeridade das relações atuais - ou pelo menos das minhas - esteja relacionada a essa metamorfose constante e perversa da personalidade alheia.
Quem é vc que não quer mais meus diálogos? O que fizeste com todas as cartas que, disse, me escreveria? Não é somente mais a distância que nos separa, são também nossas vidas que não nos dizem mais as mesmas coisas. Uma relação de poucos dias, intensos é verdade, são hoje material para estes escritos que eu bem sei, vc nunca os lerá. Afinal se vc já se olvidou do que fomos, te importará un carajo o que podemos ser? Ainda me são caros aqueles passeios pela plaza independecia e aqueles ternos instantes que antecediam, o que vc ingenuinamente pensava ser, o despertar do meu sono pela sua voz. Todavia, conto os dias que produzem aquela ansiedade do nosso reecontro.
Quero um último abraço, talvez um último beijo.. não, quero muito mais e vc sabe. Depois de tanto que um inverno me ofereceu, não tenho tanta certeza se o verão me será tão generoso. Quero nosso reencontro não para dizer adeus, mas para saber se ainda te conheço.

Nenhum comentário: